Com produtos feitos com garrafa pet e algodão orgânico sendo vendidos na Suíça e com perspectivas de vendas para Estados Unidos e Canadá, a VidaBR aposta não somente em sustentabilidade, mas também na humanização do processo produtivo de roupas.
A empresa cearense tem toda linha de produção descentralizada e vinculada a projetos sociais. "Queremos que antes de excelentes profissionais, nossos parceiros sejam excelentes seres humanos", destaca Rafael Studart, fundador da VidaBR.
"Queremos fazer sentido para a vida das outras pessoas, queremos que eles sejam vestidos de corpo e alma com nosso produto e com aquilo que acreditamos, com uma mudança de comportamento, de pensamento, com uma mudança para melhor", afirma o empreendedor ao destacar que a seleção de parceiros comerciais é guiada por princípios sociais de redução de desigualdade.
As costureiras que atuam na marca atualmente são mulheres que vivem em vulnerabilidade social, mães solo e moradoras de regiões periféricas. Além disso, o papel utilizado nas embalagens das roupas vem de um projeto de reabilitação de dependentes químicos.
"Quando começamos a parceria, eles só conseguiam manter o tratamento regular de dois pacientes, agora já são mais de 22, com nossa ajuda", acrescenta.
Rafael destaca ainda que apesar de a marca ter surgido com uma campanha de solidariedade em 2012 e da forte atuação social, não tem vergonha de afirmar-se como empresa que busca lucro.
"A diferença é que buscamos o lucro tentando fazer o máximo de bem possível. O nosso propósito também é mostrar para as empresas que elas podem se posicionar como empresas e fazer trabalhos sociais e ambientais sem afetar seu crescimento", afirma o empreendedor cearense.
Com os princípios de ESG em prática, a marca fechou 2021 com crescimento de 30% no faturamento com relação ao ano passado.
"Foi bem desafiador no início, porque todo mundo falava que eu ia nascer desse jeito e as pessoas falavam que eu não ia conseguir crescer como empresa, porque todos iriam achar que eu era só um projeto social, alguns me sugeriram criar uma ONG para poder atuar da forma como eu estava querendo", lembra o empreendedor.
Apesar dos receios, ele afirma que não pensaria em criar uma empresa de outra forma e que hoje se orgulha de ter persistido na ideia de um negócio humanizado.
"Quebramos umas cinco vezes no processo, mas hoje estamos consolidados, crescendo muito todos os anos. Além dos produtos de qualidade e da causa que defendemos, o mercado está pedindo por mais iniciativas assim", afirma.
Rafael afirma ainda que tem observado uma mudança no comportamento do consumidor. O empreendedor afirma que, antes, produtos sustentáveis precisavam ter um preço ainda mais competitivo para disputar mercado, mas que hoje "as pessoas estão até pagando um pouco mais para ter algo totalmente sustentável".
Além disso, a demanda por sustentabilidade tem expandido as possibilidades de negócios para a moda. "Entramos recentemente no mercado de fardamento, com camisas sociais e polo com durabilidade até duas vezes maior, com fabricação sustentável e com tecido que não amassa, nós praticamente dobramos o faturamento com esse novo nicho", revela.
Para o ano de 2022 a empresa, que já é famosa pelas estampas cujas cores e detalhes se revelam apenas em contato com a luz solar, se prepara para uma nova tecnologia, o uso de tecido de celulose extraída de cascas de árvores reflorestadas. O intuito é passar a fabricar peças, que além de serem sustentáveis, também serão biodegradáveis.
O empreendedor cearense afirma ainda que diante do posicionamento claro de sustentabilidade e das ações sociais desenvolvidas pela VidaBr, outros empresários do setor buscam a empresa com intuito de firmar parcerias e até mesmo mentorias para implementação dos princípios de ESG em seus respectivos negócios.
"O Ceará está crescendo muito, o apelo das energias renováveis está impulsionando muito a sustentabilidade e abrangendo muitas outras empresas, e a maioria, podemos sentir que é uma preocupação genuína", destaca.