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O desafio de olhar para onde tem menos gente olhando
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O desafio de olhar para onde tem menos gente olhando

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Parque Tecnológico da UFC atua em projeto para desenvolver projetos inovadores. (Foto: Ribamar Neto/UFC)
Foto: Ribamar Neto/UFC Parque Tecnológico da UFC atua em projeto para desenvolver projetos inovadores.

O diretor de Comunidades da Abstartups, Danilo Picucci, alerta para a necessidade de dar oportunidades a todas as empresas, especialmente as localizadas no mais inicial estágio de evolução.

"Todo mundo está olhando para os que já venceram as primeiras batalhas e isso é ruim. No Ceará, no entanto, a UFC junto com a Fiec e o governo têm apoiado a criação de ideias ao redor do Estado, fora da Capital. E isso é muito bacana e deveria ser replicado porque permite que as pessoas tentem empreender, acreditem e aprendam", ressalta.

"A questão da inovação deixou de ser diferencial e passou a ser questão de sobrevivência. A gente vê um movimento de busca por inovação. Já está no nível ideal? Não. Mas fato é que esse movimento já chegou", atesta o coordenador do Cemp/UFC, Abraão Saraiva Jr, apontando ainda o modelo de inovação aberta como uma tendência a ser adotada no ecossistema local.

Mas ele também expõe os gargalos para o desenvolvimento da inovação no Ceará e ressalta que é preciso elevar a qualidade da educação no Estado em todos os níveis, assim como estimular a cultura inovadora entre os empresários. "Ainda não caiu a ficha para eles. Desenvolvem atividades, gerando receita, mas assim fica. É uma questão de cultura, propensão, envolve risco e erros e alguns empresários não atentam para isso."

Por fim, ele alerta os colegas de academia: "Grande parte só busca a produção científica, com artigos. Precisamos converter parte dessa produção em inovação. E para isso precisa entender o mercado, as empresas, e muitos não têm formação e nem interesse de saber disso. Precisa de uma mudança de mentalidade."

Já a coordenadora da Incubadora do IFCE, Maira Nobre, aponta para a atenção necessária às desigualdades locais no ato de inovar. De acordo com ela, isso vai desde a inclusão dos alunos até a elaboração dos projetos. Isso porque o acesso à tecnologia, "em grande parte", é um gargalo para o estudante, que não tem condições de comprar computadores e, em alguns casos, acesso à internet.

"São questões de ordem econômica e social. Falamos de desenvolvimento para classes específicas, nichos específicos, e nosso estado tem macrorregiões com economias, com vocações e é preciso observar essas vertentes no momento de desenvolver a inovação."

Do Sudeste, o diretor de Comunidades da Abstartups aponta para a necessidade de holofotes sobre as atividades do Ceará. Na avaliação dele, os investidores internacionais ainda observam apenas São Paulo ao investir no País, deixando ambientes promissores como os cearenses de fora dos alvos de investimento.

"A gente precisa dar essa atenção ao Ceará. Tem muita coisa acontecendo lá. Óbvio que precisa de avanços feitos delicadamente, porque há muita coisa para fazer e melhorar. Cultura empreendedora: é uma população que não tem isso enraizado. Assim como é um estado que sofre por falta de investidores."

 

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