E se, ao invés de jogar fora, os itens excedentes dos estabelecimentos fossem recolhidos e vendidos a um preço mais baixo? Foi essa possibilidade que enxergou Lucas Infante, diretor e co-fundador da Food to Save, uma startup que monta "sacolas-surpresa" com produtos que seriam jogados fora e disponibiliza para os consumidores com até 70% de desconto através de aplicativo.
A ideia surgiu de um inconformismo de Lucas, que nos últimos cinco anos esteve à frente de um supermercado e viveu, do outro lado do balcão, a realidade do desperdício dos alimentos.
Segundo ele, "o fato de nascer na pandemia influenciou muito o modelo de negócio, porque através de uma inclusão social se dá acesso a alimentos bons ao mesmo tempo em que evita que eles sejam descartados, em um momento de inflação e alta de preços. Além disso, há ainda o impacto ambiental, já que a perda gera emissão de gases do efeito estufa".
Todo esse resíduo, quando descartado em aterros e lixões, junto com materiais tóxicos como pilhas e baterias, produz chorume e outros efluentes que causam impactos à saúde e ao meio ambiente.
O desperdício e a perda de alimentos causam cerca de 10% das emissões que contribuem para a crise climática.
Com menos de um ano de existência, a foodtech tem alcançado números impressionantes. Ainda esta semana, em menos de 24 horas, a Food to Save captou R$ 1,3 milhão em aportes por meio da plataforma de investimento em startups CapTable, com o alcance de 211 investidores. Já são mais de 250 mil downloads, 600 estabelecimentos cadastrados e cerca de 120 mil sacolas-surpresa resgatadas, o que corresponde a 165 toneladas de alimentos e R$ 1.2 milhão de receita incremental para os parceiros.
No Ceará, estudantes do Instituto Federal do Ceará (IFCE) - campus Quixadá também se atentaram ao problema e resolveram desenvolver o aplicativo Balaio Food, uma plataforma que deve incentivar a redução do desperdício de alimentos parados nas prateleiras e, além disso, estimular a geração de renda para pessoas que vivem da agricultura familiar.
O app, que recentemente foi aprovado no programa de incubação e inovação do Núcleo de Tecnologia e Qualidade do Ceará (Nutec), tem como objetivo diminuir os custos com alimentação ao vender produtos que estão próximos da data de validade e/ou são produzidos por pequenos agricultores. Para que possa ser disponibilizado, o Balaio ainda busca parcerias.
"Nesse momento estamos em validação de MVP (Minimum Viable Product - ou Produto Mínimo Viável). Acontece que, para lançarmos o nosso aplicativo na Playstore, precisamos de uma parceria razoavelmente grande para suprir a necessidade que está no mercado. Hoje as nossas conseguem atender apenas um pequeno grupo de pessoas", diz Pedro Francisco, CEO do projeto.