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É melhor sobrar do que faltar? | Economia circular é ingrediente contra desperdício
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É melhor sobrar do que faltar? | Economia circular é ingrediente contra desperdício

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Empresas cearenses como a M. Dias Branco realizam parcerias com instituições como a Cufa para levar alimentos a quem precisa (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Empresas cearenses como a M. Dias Branco realizam parcerias com instituições como a Cufa para levar alimentos a quem precisa

Em um país desigual como o Brasil, ter fartura à mesa é sinônimo de poder. Na hora de "fazer a feira" ou escolher ingredientes para um momento especial, é possível ouvir entre as prateleiras do supermercado a famosa frase "é melhor sobrar do que faltar", enraizada ao brasileiro e muitas vezes ligada à cultura de hospitalidade.

A poucos metros, a popularização dos "vencidinhos" (produtos prestes a perder validade) e "feinhos" (com embalagens amassadas ou esteticamente fora do padrão), vendidos a preço promocional, indicam uma saída encontrada pelos que tentam driblar a alta de preços e garantir as refeições básicas.

Um outro lado dessa realidade também está presente na saída, no estacionamento ou ainda dentro do próprio comércio: é comum ser abordado por pessoas que pedem por qualquer lanche já aberto ou compra extra que tenha sido feita, às vezes para ter a primeira refeição do dia — o que acontece enquanto se joga comida fora.

Em um contexto de altos índices de desemprego, fome e pobreza agravados pela pandemia, o desperdício, que acontece em toda a cadeia de abastecimento, também é uma preocupação de quem faz a mediação entre consumidores e produtores: o varejo.

Conforme a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o prejuízo das empresas do setor em decorrência do desperdício de alimentos é maior que R$ 7,2 bilhões. Um dos principais caminhos para a mudança desse cenário alarmante relaciona-se a transformar as perdas e o desperdício de alimentos ou qualquer tipo de resíduo alimentar em algo útil novamente e reintroduzi-lo na cadeia de valor — um conceito que é a base da economia circular.

De acordo com a cartilha "Combate à perda e ao desperdício de alimentos", lançada em 2019 pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade, a economia circular "torna-se fundamental, pois maximizando a eficiência ao longo de toda a cadeia de valor e incrementando a reintegração no sistema de produção dos resíduos, obtém-se aquilo que a Economia Circular chama de 'ciclo fechado', em que nada se perde, tudo se transforma, num perpétuo reaproveitamento sustentável".

Para o Grupo Lagoa, essa questão é tratada tanto do ponto de vista operacional quanto social. De janeiro a abril, foram doadas mais de oito toneladas de alimentos através de ações em parceria com o Sopai Hospital Infantil e com o programa Mesa Brasil, do Sesc (Serviço Social do Comércio).

"Trabalhamos firmemente com nossas equipes com relação à adequada projeção de vendas, processos internos e controle do vencimento para reduzirmos as perdas, e também temos uma forte ação social relacionada à redução de desperdício de frutas, verduras e legumes", explica em resposta ao O POVO.

"Selecionamos e doamos os itens que estão próprios para consumo, mas que o cliente não compra por não estarem com a aparência que ele espera. Sabe aquela fruta que está feia ou manchada, mas totalmente adequada para consumir? Então, estes itens são doados e beneficiam milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade social", diz o grupo.

"Quando reduzimos o desperdício de alimentos, temos melhores resultados financeiros para empresa, o que é positivo no pilar econômico; diminuímos a produção de lixo, o que é relevante do ponto de vista ambiental; e com as doações contribuímos para a segurança alimentar da população mais vulnerável, o que gera impacto social", finaliza.

A cearense M. Dias Branco S. A. Indústria e Comércio de Alimentos também possui iniciativas de redução ao desperdício, e duas metas ligadas às frentes ESG (Environmental Ambiental, Social e Governance) estão relacionadas a esse combate.

Ao O POVO, a companhia afirmou: "até 2030, queremos reduzir em 25% a perda de insumos no processo produtivo e 50% o desperdício de produtos acabados. Nosso esforço é direcionar esses alimentos para instituições beneficentes e bancos de alimentos. Temos grandes parceiros como a CUFA, Mesa Brasil, Remar e Cruz Vermelha".

 

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