A economia brasileira vem apresentando sinais "controversos": num primeiro ano sem restrições desde o início da pandemia, as pessoas buscam entretenimento nas férias, mostrando uma retomada nos padrões de consumo. Mas a renda está deprimida e a perspectiva internacional é de recessão. Essa é a avaliação do pesquisador Matheus Peçanha, que é economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV).
Peçanha entende que as restrições de circulação geraram um efeito na economia brasileira nos últimos anos que "machucou" bastante a renda das famílias. Isso faz com que, mesmo o Brasil esteja em uma perspectiva de inflação menor do que a do ano passado, o consumo ainda seja tímido para a maioria dos públicos.
O deve fazer com que os hábitos de consumo sejam alterados, mesmo em ano de Copa do Mundo, quando, tradicionalmente, o brasileiro investe na "TV da Copa". Mesmo o aumento do valor do Auxílio Brasil, fixado em R$ 600 a partir de agosto, não deve resultar em grande retorno ao varejo.
"Se a pessoa pensava em mudar de televisor, celular ou computador, as pessoas devem pensar melhor antes de comprar os bens duráveis por conta da questão dos juros. Já o consumo de bens semiduráveis e não duráveis, como roupas esportivas, enfeites, que são comuns nessa época, deve ter um impacto mais positivo", analisa.
Segundo o presidente-executivo da Eletros, Jorge Nascimento, as marcas iniciam os lançamentos de TVs neste semestre com foco na Copa do Mundo. E as telas gigantes são os destaques. Ele enfatiza que a projeção do mercado é que o consumidor busque opções de tela de 55 polegadas, mas com uma massa de demanda ainda buscando as TVs de 42 polegadas.
Mas há opções ainda maiores, inclusive com o lançamento da maior TV do mercado brasileira, com 98 polegadas, que deve chegar às lojas brasileiras em setembro custando aproximadamente R$ 40 mil.
"Estamos mantendo a expectativa de manter os números do ano passado e produzir em torno de 11 milhões de TVs. Esse patamar remete à produção de 2010, quando foram produzidas 10 milhões, então realmente há uma queda. O 2° semestre seria a mola propulsora por conta da Copa do Mundo, estamos bem esperançosos", afirmou Jorge durante coletiva na Eletrolar Show, maior evento do setor de eletrônicos realizado neste mês, em São Paulo.
Se no mercado de TVs há dificuldades, mesmo com expectativas positivas, o setor de confecção e têxtil nacional projeta fechar o ano com crescimento tímido no varejo, entre 5% e 6%.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), Fernando Pimentel, explica que a indústria teve em 2021 um ano muito forte e neste ano enfrentou enormes problemas com os aumentos generalizados da cadeia produtiva e, em 2022, ainda temos as incertezas causadas pelas eleições. "Nossa expectativa é de que tenhamos semestre rodando razoavelmente bem, mas sempre com uma ressalva das incertezas que estão muito grandes no Brasil e no mundo".