A aplicação de dados para a geração de valor é trabalhada de diferentes formas a partir de cadeias produtivas, mas o objetivo principal é dotar a empresa de mais competitividade. De posse das informações, gigantes dos setores de saúde, transporte aéreo e bancos traçam estratégias e executam ações nesse sentido.
Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, referência em medicina diagnóstica, conta que os dados são usados para reforçar o posicionamento do grupo em ser "uma empresa de saúde, que cuida da saúde das pessoas." Parece redundante, mas o objetivo é afinar o trabalho já executado a partir das informações que detém. Isso funciona na alocação de força de trabalho, especialmente, com o uso de inteligência artificial.
"Uma outra aplicação é uso de IA em sistemas de medicina diagnóstica para salvar vidas. Hoje, temos 26 startups para a gente poder fazer diagnósticos de condições potencialmente fatais, tipo um derrame cerebral, um AVC ou um tromboembolismo pulmonar. Temos IA na área de geômica, medicina de precisão, na qual a gente consegue, utilizando uma quantidade de dados muito grande, gerar um diagnóstico preciso e direcionar o tratamento."
No caso da Latam, Jerome Cadier, CEO da empresa, ressaltou a mudança no papel da empresa no negócio, tendo mais contato direto com o passageiro e usando inteligência de dados nesse trabalho. Um exemplo disso é o "robô" que define o uso de combustível, principal custo da companhia, nas aeronaves a partir da leitura de dados sobre tempo, horário de decolagem e modelo do avião.
"Um dos maiores custos, aqui no Brasil, é ações na Justiça, de consumidores que entram contra a companhia. A gente teve que aplicar para entender que tipo de processo a gente tenta fechar antes da aprovação, que tipo de oferta eu faço para tentar não ir até a condenação ou não fazer oferta porque o caso está provavelmente ganho. Isso varia por cliente, estado, juiz, rota ... Ou seja, tem toda uma inteligência que fornece ao advogado o que ele vai falar na hora de negociar."
Já Gabriel Ferreira, CEO do BV, contou que os dados sempre foram base do setor bancário, mas, com o data analytics, passaram a permear toda a empresa. Ele ressaltou a atuação com pequenos hubs de inovação parceiros em Israel e no Vale do Silício, nos EUA, para desenvolver soluções para o banco.
Ele avalia que hoje a experiência do cliente ofertada pelos bancos tradicionais é tão boa quanto a dos digitais e diz que os produtos desenvolvidos são gerados a partir de processos de descentralização no BV. "A próxima onda é pela visão de ecossistema, de acoplar serviço financeiro além da cadeia de valor tradicional do banco, e isso precisa da ultrapersonalização."