Morreu o adolescente que foi atingido por um tiro disparado por um colega na última quarta-feira, 5, em uma escola de Sobral, distante 234 km de Fortaleza. A informação foi confirmada pela governadora Izolda Cela, na noite deste sábado, 8.
"Recebi, com profundo pesar, a notícia da morte do nosso estudante Júlio César de Souza Alves, de 15 anos, baleado após discussão na EEMTI Professora Carmosina Ferreira Gomes", escreveu a governadora. "Meus sentimentos aos familiares e amigos neste momento de dor".
A escola também comunicou "imenso pesar" sobre a morte do estudante nas redes sociais. No Instagram, pessoas prestaram condolências à família do garoto. "Deus o receba de braços abertos e conforte o coração dos pais, familiares e amigos", escreveu uma internauta.
O adolescente estava entubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Sobral.
O estudante que realizou o ataque foi apreendido pela polícia. Durante o depoimento à Polícia, ele disse que sofria bullying por parte dos colegas.
Após o ataque, as aulas na escola foram suspensas. De acordo com a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), as aulas deverão ser retomadas na próxima terça-feira, 11. A previsão é que haja uma recepção especial no retorno dos estudantes.
Ainda conforme a Seduc, a sala onde aconteceram os ataques deverá ser transformada em um laboratório de robótica.
Segundo o diretor da escola, Jorge Célio Coelho, o estudante que realizou os ataques tinha um comportamento tranquilo. No entanto, os pais do aluno haviam sido chamados na escola anteriormente porque o filho tinha muita sonolência durante as aulas. Ainda de acordo com informações do gestor, o estudante havia alegado que dormia tarde, porque ficava jogando jogos de tiro.
De acordo com investigações da Polícia, a arma utilizada nos ataques era legalizada, e pertencia a um caçador, atirador e colecionador (CAC). No entanto, as autoridades ainda não sabem como a arma foi parar nas mãos do adolescente.
O ataque aconteceu na última quarta-feira, 5, na escola de Ensino Médio Professora Carmosina Ferreira Gomes, no bairro Sumaré, em Sobral. Um estudante de 15 anos utilizou uma arma de fogo para disparar tiros contra os colegas.
Três jovens foram atingidos - todos com a mesma idade. Um deles, que recebeu um tiro de raspão na cabeça, teve alta ainda na quarta-feira. O segundo, baleado na perna, foi liberado pelos médicos na quinta-feira, 6. O terceiro estudante, atingido na cabeça, faleceu neste sábado.
Recebi, com profundo pesar, a notícia da morte do nosso estudante Júlio César de Souza Alves, de 15 anos, baleado após discussão na EEMTI Professora Carmosina Ferreira Gomes, em Sobral, na última quarta-feira. Meus sentimentos aos familiares e amigos neste momento de dor.
— Izolda Cela (@IzoldaCelaCe) October 9, 2022
A Escola de Ensino Médio Professora Carmosina Ferreira Gomes, localizada no bairro Sumaré, em Sobral, se prepara para viver um recomeço. Conforme a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc), após suspender as atividades –, pelo fato de um aluno ter atirado contra três colegas em sala de aula, a unidade de ensino deve retomar as aulas na próxima terça-feira, 11.
Em entrevista ao O POVO, o diretor da escola, Jorge Célio Coelho, afirmou que a retomada das aulas será realizada com cautela e feita de uma maneira que garanta o acolhimento dos alunos e também dos professores. A ideia, segundo ele, é garantir um recomeço de "paz" e "tranquilidade".
Como primeira medida para esse fim, o diretor confirmou que o espaço onde o ataque aconteceu vai passar por uma reforma e afirmou ainda que o local vai ganhar cores lúdicas, para "afastar" o "aspecto negativo" deixado pela tragédia. Alunos que usavam a sala serão transferidos para outra.
"Depois da liberação do trabalho de perícia, a sala foi limpa e ela está interditada e vai ser fechada, ninguém vai ter acesso", frisou o diretor. Nesta sexta-feira, 7, ainda pela manhã, a escola já recebeu a visita de engenheiros, que definiram como será o início das obras que vão transformar local em um laboratório.
Outras medidas estão sendo tomadas para garantir que a comunidade se sinta mais segura. Entre elas, uma reforma da quadra da escola e o aumento do muro. O diretor também pontuou que agentes do Comando da Polícia Militar para Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac) devem estar presentes no primeiro dia de retorno das aulas, para "garantir a tranquilidade de todos".
Desde que a tragédia aconteceu, o apoio psicológico tem sido fundamental para que um recomeço seja possível. Segundo o diretor da escola, assistentes sociais e psicólogos têm realizado o acompanhamento tanto das vítimas e familiares delas como de alunos e dos próprios professores e funcionários da instituição.
Na próxima segunda-feira, 10, o colégio deve receber uma formação sobre paz nas escolas, comandada por Cristiane Holanda, integrante da Coordenadoria de Justiça Restaurativa e Mediação da Vice-Governadoria do Ceará. Além disso, Jorge informa que uma equipe de psicólogos da Coordenadoria Regional do Desenvolvimento da Educação (Crede) vai atuar na instituição.
Quem precisa de escuta terá disponível também funcionários que trabalham no acolhimento de profissionais dentro da escola. "A gente tem que estar bem, né? Até porque pra todos da escola foi um susto. Ainda estamos com um aluno nosso em situação muito crítica", pontua o diretor Jorge Célio.
Para receber alunos, pais e comunidade no primeiro dia de retorno das aulas, os professores e funcionários da escola vão ficar na frente da instituição. Segundo o diretor Jorge Célio, eles devem ir vestidos de branco, erguendo faixas e distribuindo chocolates, bombons e o que considera mais importante: abraços.
"Um abraço que é mais importante de tudo. A recepção com um abraço de 'seja bem-vindo, vamos continuar'", destaca o diretor. Ele também destaca que membros do colégio vão estar a postos para tirar as dúvidas dos pais e confirma que no primeiro dia "as aulas serão diferentes".
Segundo ele, cada professor preparou um material para trazer no primeiro dia de aula. A ideia é que seja passado não um conteúdo didático, mas vídeos, imagens que instituam um momento de acolhimento aos alunos.
"A palavra recomeço significa no momento quase tudo pra escola . É o recomeço com paz, com esperança, com tranquilidade. Que nós temos vidas, que nós temos responsabilidades com essas vidas. A educação transforma e nós pretendemos fazer com que a escola volte com sua normalidade" , destacou o diretor Jorge Célio. (Colaborou Gabriela Almeida, especial para O POVO)