“Garapa Lascado da Silva”, assim se intitula o palhaço que faz a alegria de quem passa pelo Parque Adahil Barreto nos domingos pela manhã. Israel da Costa, 33, é o responsável por vestir a roupagem da palhaçaria e encantar os olhos da criançada com um número de mágica, malabarismo e piadas.
Estudante do circo há 12 anos, Israel, ou Rael, iniciou a carreira como voluntário no Instituto Doutor José Frota (IJF) fazendo shows para crianças hospitalizadas e, atualmente, trabalha profissionalmente como palhaço em eventos infantis privados e com apresentações em espaços públicos de Fortaleza. Isael também é responsável por fazer esculturas inimagináveis com balões de ar, desde um cachorro até a “Pequena Sereia”.
Em entrevista ao O POVO, o profissional conta as alegrias e desafios do ganha pão com o riso alheio.
O POVO - Rael, suas apresentações saltam os olhos de muitos, não à toa foi percebido para ter sua história contada. Como seu show acontece no Parque Adahil Barreto?
Israel da Costa - Lá no parque eu faço um show de duração de 30 a 40 minutos. Levo malabarismo, mágica e o último, um número de perigo. Que é onde eu faço um arco de facas e passo por dentro. E não é uma programação do parque, eu chego e vou atraindo as pessoas. A intenção deste "jogo" é a diversão mútua, esquecer as adversidades da vida e rir. Sobretudo rir.
O POVO - Você falou que estuda esse mundo da palhaçaria há pelo menos 12 anos. Como surgiu esse interesse por ser um profissional do riso?
Israel da Costa - Surgiu por conta da realidade que não era feliz, há 12 anos atrás minha vida era muito difícil, era mais pobre do que sou hoje. Trabalhava de carteira assinada e não era feliz, eu sempre gostei de arte. Então, eu comecei a aprender malabares, saía no meu trabalho, trabalhava em padaria, às 14 horas da tarde e ia para o semáforo. Fui aprendendo e conhecendo o pessoal do circo. Com seis anos eu consegui sair do trabalho formal pra viver somente do circo.
O POVO - Existe uma ousadia em assumir a responsabilidade de viver profissionalmente como palhaço, visto que, por vezes, a cultura ainda é desvalorizada. Dito isso, é fácil viver do circo em Fortaleza?
Israel da Costa - Possível viver do circo é, mas é muito trabalho. Tem que estar muito bem construído. Os meus amigos do circo, eles são todos atuantes. Todos eles vivem impossível, vão se ajudando no que pode também. Eu tô colhendo de uns quatro anos para cá, então foi oito anos construindo. Aparecia trabalhos, mas não como a renda principal. Hoje em dia eu já consigo na festa infantil. Meu nome é muito forte aqui em Fortaleza, porque os balões que faço, só eu faço aqui em Fortaleza, as esculturas de balão são minha vantagem.
O POVO - Você é escultor de obra de arte com balões. Quais foram os pedidos mais inusitados e que te deixaram com mais orgulho do seu trabalho?
Israel da Costa - Eu digo todas as esculturas que eu sei fazer para as pessoas. Mas um pedido inusitado foi de uma moça que pediu um buquê de flores de balão, muito grande, ela encomendou e tive que entregar, mas nunca tinha acontecido isso. Um me orgulho é a sereia e um cachorrinho sentado. Geralmente, as pessoas só fazem a espadinha e aquele cachorrinho fininho. Eu já faço muita coisa. Eu estou com uma oficina aberta para ensinar a fazer essas esculturas de balão.
O POVO - Rael, você tem a palhaçaria como profissão. Existem dificuldades e alegrias nela, mas qual é o principal retorno em ser um palhaço?
É uma troca mútua, da mesma forma que a criança fica muito feliz, eu fico também. Saber que o que eu tô estudando tá dando certo para o meu objetivo que é tirar o riso. É só circo. Eu só dedico meu tempo pra isso, não faço outra coisa, não faço mais nada. E é isso que eu escolhi pra minha vida, que eu trabalhei e eu vou até o fim.
Oficina de escultura em balão
Quando: dias 22 e 23 de agosto
Horário: 12 às 14 horas
Onde: Shopping Parangaba (Rua Germano Franck, 300 - Parangaba, Fortaleza)
Valor: R$ 60,00
Mais informações: @raelbaloes