Têm situações no Brasil que mais parecem uma realidade paralela como o caso do suposto esquema de espionagem durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Situação que se tornou pública na última quinta-feira, 11, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo de documentos da operação da Polícia Federal.
É um tanto constrangedor imaginar que um presidente usaria a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para fazer monitoramentos ilegais durante o seu governo. Pesa ainda conceber uma gravação de áudio em que o então mandatário discutia investigação envolvendo o filho suspeito de prática de "rachadinha", o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
O relatório cita áudio de 1 hora e 8 minutos supostamente gravado pelo diretor-geral da Abin na época, Alexandre Ramagem, apontando que eles, juntamente com o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, discutiam possibilidade de abertura de procedimentos contra auditores da Receita Federal que investigavam o parlamentar.
Chamado de "Abin paralela", o caso respingou também sobre outro filho do ex-chefe do Executivo brasileiro, Jair Renan. A PF aponta que o esquema foi utilizado para produzir provas e abastecer a defesa dele em acusação de tráfico de influência, além de desacreditar o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas.
Tudo isso, sem sequer mencionarmos a suposta venda ilegal de joias sauditas. Seria o suficiente para voltarmos à realidade de um País que não usa a estrutura governamental para proteger filhos e por em risco a democracia?