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Psol permite que Técio siga na direção da sigla, mesmo compondo gestão Evandro; oposição contesta
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Psol permite que Técio siga na direção da sigla, mesmo compondo gestão Evandro; oposição contesta

Membros do partido vinham cobrando que ex-candidato a prefeito deixe o comando municipal do partido, após nomeação para cargo no governo Evandro Leitão
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TÉCIO Nunes é presidente municipal do Psol (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal TÉCIO Nunes é presidente municipal do Psol

A Comissão Executiva Estadual do Psol, em reunião realizada na manhã deste sábado, 18, em Fortaleza, definiu que filiados da sigla nos municípios do Ceará ficam autorizados a compor governos municipais da esquerda no Estado, em especial nos municípios do Crato e de Fortaleza.

A reunião foi motivada pela nomeação de dois membros do partido nas duas cidades citadas acima, ambas governadas pelo PT. Zuleide Queiroz é secretária de Direitos Humanos do Crato, enquanto Técio Nunes assumiu a Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas da gestão Evandro Leitão (PT), na Capital.

Com a presença de poucos membros do partido, na sede do Psol no Benfica, ficou decidido que Zuleide e Técio estão autorizados a assumirem os cargos nas gestões petistas.

Motivos para a decisão

Na ata do encontro, a comissão lista uma série de motivos que fazem com que a decisão seja necessária. São eles:

  • O Centrão e a extrema direita foram os grandes vencedores das eleições municipais no Brasil em 2024;
  • A esquerda, mesmo atuando em frente ampla, só obteve vitória eleitoral em uma única capital do país, Fortaleza;
  • A vitória na eleição de Fortaleza, contra a extrema direita, no segundo turno, ocorreu com uma diferença de pouco mais de 10 mil votos; 
  • A agenda conservadora vem avançando sobre as populações periféricas e sobre a classe média alta, e se soma à precarização do mundo do trabalho comprometendo a atuação do o programa da esquerda, que vem, progressivamente, perdendo espaço, em especial junto às novas gerações; 
  • Se até as eleições de 2026, o campo de esquerda e progressista, em movimento nas ruas, no parlamento e nos poderes executivos, não exercitar uma unidade de ação que ultrapasse alianças pontuais do período eleitoral e viabilize conquistas que elevem a qualidade de vida do nosso povo, diminuindo a pressão sobre a figura do Presidente Lula, único em condições de garantir a vitória do programa eleito em 2022 novamente em 2026, a extrema-direita poderá retornar ao poder.

O presidente estadual do Psol, Alexandre Vaz Uchoa, lembra que o assunto ainda será discutido mais profundamente pelo partido, em encontro no mês que vem. "É um debate que ele vai se aprofundando, nós vamos ter uma reunião do diretório, onde vai se aprofundar mais ainda (o debate). No dia 22 de fevereiro, nós vamos ter uma reunião do diretório, então mobilizar o Estado, trazer a militância, o diretório", explicou ao O POVO.

Para Alexandre, a publicação de nota pública cobrando afastamento de Técio Nunes da presidência municipal do partido trouxe uma polêmica e acabou antecipando alguns debates que o Diretório Estadual já estava se programando para fazer. Para ele, trazer para o debate público questões internas do partido é um erro, especialmente "quando você é voz pública", afirmou, fazendo clara referência ao fato da cobrança ter sido feita por membros do partido com cargos eletivos, como o deputado estadual Renato Roseno.

"Quando você passa a extrapolar o debate interno, você antecipa e traz esse debate interno para uma esfera maior, onde as pessoas não vão ter a oportunidade de ter todos os elementos da mesa", argumenta Uchoa.

Entendimento de resolução nacional do partido causa polêmica

O principal ponto de desacordo entre alas do partido diz respeito à interpretação da resolução “PSOL COM LULA CONTRA O BOLSONARISMO E PELOS DIREITOS DO POVO BRASILEIRO”, aprovada pelo Diretório Nacional do PSOL em novembro de 2022.

Para Alexandre Uchoa, a resolução dispõe exclusivamente sobre a relação do partido com os governos federal e estaduais, não tratando de governos municipais.

Além disso, ele explica que há que se levar em consideração o contexto dos apoios que estão sendo dados. "A resolução era uma posição tirada para aquele momento (2022), do governo Lula que iria se iniciar. A minoria traz essa resolução para o município, e de 2022, como se isso fosse automático, e não é. Existe ainda um debate que a gente precisa fazer, né? Que característica, que tipo de governo nós temos em Fortaleza? Que tipo de governo nossa militância está participando? E, a partir disso daí, é que a gente caracteriza se a nossa posição ou composição fere ou não independente partidária", argumentou.

A interpretação é semelhante à dada ao O POVO por Técio Nunes, que afirmou, porém, que a definição final seria do Diretório Estadual.

Discordância e apelo ao Diretório Nacional

Na nota, publicada pelo que Alexandre Uchoa classifica como "minoria dentro do Psol", o pedido de afastamento de Técio Nunes da direção do partido está baseada justamente na resolução de 2022.

"A resolução é clara, caso o dirigente assuma algum cargo, ele se afasta das direções. Até para não haver conflito de interesses. Para que o Psol possa ter autonomia de ter suas posições em relação ao governo. De combater a extrema-direita, quando atacar o governo, mas ao mesmo tempo de defender a classe trabalhadora diante de posições erráticas do governo, como fez agora recentemente em relação à questão dos drones, por exemplo", afirmou Jari Pereira, que se disse membro da "minoria do partido", ao final da reunião desta manhã.

Também presente no evento, Jéssica Rebouças disse que a decisão tomada na reunião é contrária à resolução nacional, cabendo então recurso.

O deputado Renato Roseno confirmou o interesse de apelar à Nacional. Para ele, que não esteve no evento deste sábado, a decisão tomada foi feita a partir de “uma interpretação que desconsidera a questão política da resolução nacional, cujas razões são as mesmas. O sentido da resolução é proteger o partido. Eles desconsideram isso”, afirmou ao O POVO.

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