Em alusão ao Dia Mundial do Orgulho LGBTQIAPN+, ocorreu neste sábado, 28, a ação de saúde voltada para o grupo, no posto de saúde Antônio Ciríaco, no bairro Parangaba, em Fortaleza. Além dos atendimentos, o evento apresentou o novo autoteste para detectar infecções pelo Papilomavírus Humano (HPV).
A pesquisa que estuda a implementação da nova forma de testagem é da doutora Renata Eleutério, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O exame é capaz de detectar 28 genótipos de HPV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), feito por métodos de biologia molecular.
“A própria pessoa pode fazer a coleta do seu material e isto pode ajudar o acesso, pensando ainda em comunidades mais distantes. Dispositivos como este também podem otimizar o tratamento”, explica Renata.
Cerca de 600 testes ficarão disponíveis em algumas unidades de saúde, incluindo o posto Antônio Ciríaco. Quem tem interesse em realizar o teste na unidade de saúde é acolhido e instruído sobre como realizar a coleta.
A medida também antecipa as diretrizes do Ministério da Saúde que irá incorporar ao Sistema Único de Saúde (SUS), neste ano e em todo o país, o teste molecular de DNA/HPV com autocoleta.
Além do autoteste para HPV disponível nas unidades de saúde, os cidadãos podem solicitar testes de HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) pelo site ahoraeagora.org. O projeto distribui gratuitamente o autoteste de HIV para a cidade de Fortaleza.
Cada pessoa pode receber até cinco autotestes, que vêm com as instruções para a realização do exame, detalha Marcos Paiva, coordenador da área técnica de doenças virais e tuberculose da Prefeitura de Fortaleza.
Trata-se apenas de um teste de triagem. Assim, em caso de resultado positivo, a pessoa deve buscar atendimento no posto de saúde mais próximo para realizar o teste rápido de HIV.
Além dos testes, a população LGBTQIAPN+ teve acesso a consultas, acolhimento psicológico, vacinação, avaliação em saúde bucal, orientações sobre hormonização e o uso de Profilaxia Pós-Exposição (PEP)/ Profilaxia Pré-exposição (PrEP).
A equipe foi composta por profissionais voluntários, que, em sua maioria, já atuam com a população LGBT. É o caso da doutora Alana Maria, que trabalha no Serviço Ambulatório de Pessoas Trans no Ceará, e ressaltou a importância da ação.
“Trabalhar a saúde da população LGBT é trabalhar a saúde pública. Quando entendemos que há uma dificuldade desse público de acessar o sistema de saúde, precisa-se desenvolver meios para driblar essas barreiras”, afirma.
A ação foi desenvolvida para incentivar a atenção primária de saúde para este grupo, reitera Erlemus Soares, coordenador das redes de atenção primária e psicossocial.
Daniela Moreira, 38, foi uma das pacientes atendidas na iniciativa. Como mulher trans, é a primeira vez que ela participa de uma ação como esta e ficou satisfeita com o atendimento.
“Tive uma conversa com a enfermeira, pude falar sobre as questões que estou passando em relação a minha saúde. Além de fazer as testagens, que deu tudo certo”.
Ela também aproveitou o momento para se cadastrar para receber atendimento nesta unidade de saúde, que é referência no atendimento para a população LGBT, de acordo com Narciso Junior, da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual de Fortaleza.