Entre os corredores de um hospital localizado em Fortaleza, música rompe o silêncio das enfermarias e UTIs: o som do violino. O responsável por essa melodia é o violinista cearense Vicente Barroso, de 57 anos, que descobriu a paixão pelo instrumento ainda aos 17 anos e, alguns anos depois, decidiu levar a arte para dentro de hospitais.
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Vicente se decida ao violino há 40 anos. Nos últimos anos, a música ultrapassou os palcos e ganhou novo sentido para o violinista: aliviar a dor e o sofrimento de quem enfrenta dias difíceis dentro de um hospital.
“É impressionante como a música muda o ambiente. Muitas vezes chego no hospital e encontro pacientes para baixo, mas quando começo a tocar, o astral deles aumenta. A música tem algo mágico, ela pode transformar o dia de uma pessoa e fazer ela se sentir muito bem”, relata.
Semanalmente, ele se apresenta no hospital São Camilo, em Fortaleza. Ele anda por corredores levando a música para os pacientes e guarda lembranças que transformaram o dia dele.
“Um senhor me disse certa vez: ‘Passei o dia tomando medicamento de todo jeito aqui, mas o melhor remédio que tomei hoje foi a música’. Outra vez, uma paciente que estava muito inquieta se acalmou quando comecei a tocar. Ela sorriu e, no final, agradeceu muito. São momentos que marcam”, recorda.
O repertório é escolhido com cuidado, sempre levando em conta a idade e o perfil dos pacientes, mas também os desejos de cada um. De acordo com Vicente, os clássicos de Roberto Carlos estão entre os mais pedidos, mas também outras músicas ganham espaço, como Bossa Nova, forró e canções românticas e bregas.
“Às vezes, pergunto o que a pessoa gostaria de ouvir. Muitas dizem: ‘Toque o que quiser’. E sempre dá certo. Já ouvi de pacientes: ‘Essa música que você escolheu era exatamente a que eu queria ouvir’”, conta o violinista.
“Às vezes, o paciente está dormindo e o acompanhante pede para eu tocar. Tem momentos em que os acompanhantes se emocionam mais do que os próprios pacientes. Os profissionais também vibram e esperam pela próxima visita. A música tem essa magia, ela impacta a todos aos poucos”, afirma.
Para Vicente, levar o violino para dentro de um hospital é muito mais do que tocar: é oferecer afeto em um momento que as pessoas precisam de cuidado.
“É gratificante ver que a música melhora o dia de alguém que está ali se recuperando de uma doença ou de uma cirurgia. Saber que meu trabalho alegra e levanta o astral dessas pessoas me realiza como profissional e como ser humano”, ressaltou.