Depois de doze anos, o Governo do Estado vai atualizar o mapeamento socioeconômico e biótico (fauna e flora) dos 573 km de zona costeira do Ceará. Quatro empresas já foram habilitadas para participar da seleção que vai escolher quem conduzirá os estudos. A partir deste diagnóstico, será possível definir o potencial econômico de cada um dos 22 municípios inseridos nesta área e as políticas públicas mais adequadas para estimular o desenvolvimento sustentável.
A secretária-executiva do Meio Ambiente (Sema), Maria Dias, explica que esta é mais uma etapa do processo de atualização do zoneamento ecológico econômico da zona costeira, criado 2006.
[SAIBAMAIS]Em 2015, foi feito um novo mapeamento da parte física do projeto, que aferiu, dentre outros pontos, o posicionamento cartográfico das unidades geoambientais da zona costeira, dos municípios de Icapuí à Barroquinha, e a capacidade de suporte ambiental delas.
Agora o levantamento vai identificar a parte biótica e também como vive a população que reside nestes municípios, sua sustentação financeira, as atividades econômicas que estão em expansão e a influência destas no impacto ambiental da região.
“O estudo vai identificar se determinado município vive mais da pesca, do turismo ou do artesanato. É o que vai servir de base para identificar, por exemplo, se no Paracuru ainda é possível implantar eólica ou um resort, tanto do ponto de vista do aquífero do mar da zona costeira, como cênico (visual) e na parte socioeconômica”, diz Maria.
O produto final será o cruzamento de dados destes estudos para embasar a elaboração de políticas públicas do Estado para o crescimento econômico sustentável. “Não se pode simplesmente atrair atividades econômicas para um município em função exclusivamente da atividade em si. É preciso definir o que é mais adequado de forma que não entre em conflito com o que já existe e a capacidade ambiental do local”, afirma a secretária.
Ela reforça que muita coisa mudou em doze anos. O Pecém, por exemplo, apesar de permanecer com uma vocação industrial forte, vem passando por um acelerado processo de transformação e ocupação desde a instalação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), na Zona de Processamento e Exportação (ZPE), em 2016.
O processo de erosão da zona costeira e as ocupações indevidas também se aceleraram no período. E a criação de camarão em cativeiro na zona costeira, que era muito forte em 2006, já não reflete mais a realidade de hoje. “O próprio tempo e o comércio se encarregou de reduzir. Há um diferencial grande, mas só o estudo vai poder dizer com precisão”.