Atualizada às 22h25min desta terça-feira, 26
O preço do litro da gasolina em Fortaleza voltou a aumentar e desta vez o consumidor teve de absorver crescimento de até 15%, em apenas uma semana, ficando acima das altas praticadas pela Petrobras nas refinarias. O POVO realizou pesquisa em vários bairros da Capital e pôde encontrar variação entre R$ 4,25 e R$ 4,59 a quatro dias do Carnaval.
O reajuste pegou muitos motoristas de surpresa, já que até a semana passada era possível encontrar postos comercializando a gasolina por valores que chegavam a R$ 3,99. Segundo o Sistema de Levantamento de Preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço mínimo de R$ 3,939, até a última sexta-feira, 23, era observado na Capital.
Bruno Iughetti, consultor econômico na área de Petróleo e Gás, afirma que havia uma tendência de aumento pela variação de insumos no mercado internacional, mas que o reajuste foi acima das expectativas. "Não vejo razões de natureza técnica para uma alta nessa expressão".
"A Petrobras anuncia aumentos que ficam longe de 10%, 15% que vemos ser praticados nos postos. A única razão plausível seria de que os preços estavam represados até esse movimento de alta e os postos aproveitaram o aumento da Petrobras para recompor seus preços anteriores para manter um equilíbrio", afirma Iughetti.
Nos estabelecimentos visitados pelo O POVO foi comum encontrar motoristas insatisfeitos e surpresos. Em alguns postos havia descontos para quem abastecesse à vista ou por meio de aplicativos, chegando a até R$ 4,62 pelo litro do combustível.
Felipe Lima, 28, é gerente do Posto Sete Carioca, localizado na avenida Alberto Craveiro, 2.585, e diz que o problema que faz aumentar os preços é o repasse de impostos, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "O problema é com a distribuidora. Se eles passassem um preço razoável para nós, não aumentaria tanto. A Petrobras anuncia um valor ao público, mas ele chega para nós com os tributos, que são muito altos".
Outra possibilidade de alta é a aproximação do Carnaval, período em que a procura por combustíveis aumenta. O consultor Bruno Iughetti acredita que a atitude existe, mas tem pouco peso.
"Com o aumento de demanda, a tendência é sempre de alta. O aumento que a Petrobras anuncia diz respeito às distribuidoras que devem repassar isso aos revendedores, os postos. O que acontece é que no Brasil existe liberdade de preços, não existe regulação para congelar preços dos combustíveis, mas isso não enseja que se pratique aumentos acima da expectativa para uma época como a atual", analisa.
A possibilidade de abastecer com valor mais em conta foi possível para quem escolheu o Posto Multi, na Serrinha, de bandeira branca, que estava praticando o preço do litro da gasolina a R$ 3,990 no último dia 20, segundo a ANP. Ontem, estava a R$ 4,25. De acordo com a gerente, "o menor preço de Fortaleza".
O que diz o Sindipostos
A reportagem entrou em contato com o Sindicato dos Postos do Ceará (Sindipostos) nesta segunda-feira, 25, mas não havia recebido retorno até às 17 horas desta terça, 26. Em nota enviada após este horário, o sindicato esclarece que “as últimas variações de preço no Estado devem-se a fatores relacionados ao funcionamento da cadeia de combustíveis, que envolve os processos de refinaria, distribuição, venda, além das tributações a que está sujeita”.
Desde o dia 1º de janeiro deste ano, a refinaria de petróleo apresentou aumento de R$ 0,20 e o valor não havia sido repassado ao consumidor até o dia 23 deste mês. “Após a elevação do preço médio ponderado ao consumidor final, promulgada no ato Contepe 23/2018, publicado em dezembro do ano passado, que aumenta o preço da gasolina C de R$ 4,17 para R$ 4,60 – valor que passa a reger todas as correções tributárias – e a correção do barril de petróleo na ordem de 6,4%”, explicou a nota.
“O Sindipostos também esclarece que os postos comercializam combustíveis com base nos preceitos da livre demanda do mercado”, completou o sindicato.
O que os motoristas dizem
Motorista de aplicativo que roda vários quilômetros todos os dias, Alan revelou que se deslocou alguns quilômetros do bairro Aldeota para abastecer seu veículo no bairro Serrinha. O objetivo era encher o tanque com álcool que, na sua concepção, está valendo mais à pena.
O militar reformado critica mais um aumento de preços. Evaldo diz que o carro é um item indispensável no seu dia a dia, pois utiliza para ir ao médico, fazer compras, entre outras atividades. Ele ainda diz que a má gestão da Petrobras causa os problemas enfrentados pelo consumidor.