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É preciso desfazer mitos
Economia

É preciso desfazer mitos

Financiamento. Classes sociais
Edição Impressa
Tipo Notícia

Para desenvolver produtos financeiros a pessoas de baixa renda é preciso também se despir de preconceitos, alerta o mestre em Administração e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Plácido Castelo Neto.

"Tem muita coisa acontecendo nas periferias, inovação. O que falta muito é oportunidade para fazer girar esses negócios. Daí a importância do microcrédito", diz.

Uma das principais conclusões do estudo "Segmentação em inclusão financeira no Brasil", feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a J.P. Morgan, no ano passado, mostra ainda que apenas aspectos demográficos como renda e idade não são suficientes para entender a diversidade das classes C, D e E.

A pesquisa, feita com mais de 1.500 pessoas, apontou, por exemplo, comportamentos financeiros bem heterogêneos nestas faixas de renda. No Nordeste, por exemplo, se 40% dos empreendedores têm um perfil mais conservador, 38% são desorganizados financeiramente e 28% planejados.

E ao contrário de estereótipos, a maior parte da população das classes CDE têm controle de suas finanças. Um quarto deles, por exemplo, conseguiu poupar no último ano, mas grande parte guardou dinheiro em casa.

Leonardo Andrade, 33, morador da Barra do Ceará, é daqueles que sonha alto, mas planeja seus passos. Há três anos, vendeu o carro e decidiu montar sua própria oficina. Com um ano de funcionamento, no entanto, a crise econômica mostrou que isso seria mais difícil do que esperava. "Pensei até em mudar de área".

Embora tivesse o nome limpo, o score bancário muito baixo (espécie de ranking de avaliação do cliente pelo banco) o impedia de acessar as linhas convencionais de crédito. Foi quando entrou no programa de microcrédito do Santander, o Prospera. "Para mim foi a solução, porque não tinha burocracia e me deu o empurrãozinho quando achei que não tinha mais saída".

Com o dinheiro, ele comprou mercadoria e equalizou dívidas. E conforme ia renovando os empréstimos - pagos sempre em dia, como faz questão de frisar - ia ganhando novo fôlego para reinvestir e poupar. Hoje, conseguiu não apenas manter o negócio, como comprar a casa própria e um carro. "É claro que foi preciso muito do meu trabalho, esforço, mas, sem dúvida, ter alguém que apostasse em mim ajudou muito".

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