O dólar comercial fechou a primeira semana de março em queda de 0,37%, ontem, cotado a R$ 3, 87 para a venda. A retração ocorre após a moeda norte-americana sofrer quatro altas e se aproximar de R$ 3,90 nesta semana. A leve retração, no entanto, ainda não refletiu nas casas de câmbio em Fortaleza. O dólar turismo passou de R$ 3,97 para até R$ 4,05, na passagem de 1º de março até ontem. A maior variação das cotações nos estabelecimentos é de 2,05%. Além de gerar pressão inflacionária, a volatilidade afeta os planos de quem viajará para o Exterior.
Ricardo Eleutério, vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), enumera que as incertezas sobre o tempo de tramitação da reforma da Previdência e a possibilidade de desidratação no Congresso Nacional influenciam nas oscilações.
Outros fatores são o bate cabeça do governo e os desgastes políticos já nos primeiros dois meses de administração. As posições do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Twitter também abalaram a lua de mel com o mercado.
"O dólar começou o ano derretendo de 5% a 6%. Mas, na última quinta-feira, fechou com aumento de 0,25%", lembra. A divisa variou entre R$ 3,66 e R$ 3,88 desde fevereiro. Eleutério destaca que as tensões pré-eleitorais pressionaram aumento de até 25%.
Após a vitória de Bolsonaro, com a agenda econômica liberal, a moeda perdeu força. A expectativa das reformas e privatizações levou o mercado cambial à euforia no fim de 2018 e início deste ano, revertendo tendência de alta.
Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do Travelex Bank, acrescenta que é preciso cautela para avaliar o cenário. "Podemos observar movimentos do mercado, alguma proteção ou resguardo de lucros, mas ainda não define uma tendência de alta". Ele cita que a valorização do euro é um dos fatores externos que influenciam as alterações de preço. Para quem planeja viajar, diz, o ideal é dividir a compra para não pegar o viajante de surpresa.
Érico Veras, pesquisador da área de Finanças Pessoais e Comportamentais da Universidade Federal do Ceará (UFC), diz que se a viagem for em um ano e a pessoa precisar de US$ 2 mil, o ideal é que ela saia comprando US$200 por mês.
Ele destaca a importância alcançar um valor médio do dólar. Como o regime de câmbio é flutuante e não há como antecipar as próximas cotações, o ideal é a compra fracionada.