Os hubs aéreos, tecnológico e portuário sinalizam avanços socioeconômicos ao Estado. Mas ainda é preciso conhecer, explorar os potenciais locais e apresentá-los mundo afora. Entram no bojo energia eólica e economia do mar. Nesse contexto, o Ceará 2050 - projeto de desenvolvimento que engloba diversos eixos sociais - é um caminho para mudanças.
"Vamos discutir o novo Ceará. Somos 2% do Brasil em termos de economia e 4% da população. Estamos devendo metade e somos um Estado rico, mas que tem aproveitado pouco suas riquezas", avaliou Lima Matos, coordenador do programa. O tema foi debatido no Encontro Regional da Grande Fortaleza da Plataforma de Desenvolvimento Sustentável, que faz parte do plano. O evento ocorreu no Auditório Paulo Petrola, na Universidade Estadual do Ceará (Uece), ontem.
Ao O POVO, Lima destacou a atuação do Ceará na produção de energia eólica. "Mas precisamos receber royalties sobre isso. Se não, a gente só manda a riqueza", complementou. Ele conta que o projeto também estuda núcleos específicos para avaliar a ambiência de negócios cearenses, o que inclui o hub aéreo e tecnológico. "É preciso discutir negócios com o mundo. O Porto do Pecém está se desenvolvendo, mas, além de ter um terminal, a gente pode exportar sem pagar impostos", explica.
Lima é economista, diretor de Ciência e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e foi secretário da Fazenda no primeiro governo de Tasso Jereissati, entre 1987 e 1991. Ao lado de outros quatro especialistas, ele coordenada o programa. São eles: o engenheiro José de Paula Barros Neto, presidente da Astef e Associação Técnico-Científica Engenheiro (Astef) e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC); o engenheiro químico Expedito Parente Jr; o engenheiro e professor Antonio Miranda, e ex-presidente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece); e o arquiteto Airton Montenegro.
Outras questões fundamentais do Ceará 20150 são o combate à extrema pobreza e foco na educação. Durante a palestra, José de Paula Barros Neto destacou que "esses são pontos importantes". Para Jacson Sampaio, reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), a academia tem papel importante para apoiar em diversos eixos, como educação, saúde, biotecnologia etc. "É um grande lugar de produção de soluções. Essa ligação entre governo, instituições e setores econômicos privados é uma triangulação muito rica", considera.
O Ceará 2050 está em fase de diálogo com a sociedade, entidades e estudos, e deverá ser entregue entre maio e junho ao governador do Ceará Camilo Santana (PT). No mês de março, o projeto foi apresentado em Canindé, Tauá e Juazeiro do Norte. Até 9 de abril, irá a outras regiões. Dentre os demais eixos estratégicos estão o capital humano, serviços aos cidadãos e governança.
Edição
A primeira edição do Visão 2050 contou com nove temas, dentre eles, valores e comportamento, desenvolvimento humano e economia.