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Em um dia, Arco e Hapvida fecham grandes aquisições
Economia

Em um dia, Arco e Hapvida fecham grandes aquisições

| MERCADO | A expansão de participação das empresas resultou em negócios com valor total de R$ 6,6 bilhões. Acertos ainda serão autorizados
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A Hapvida abriu capital na B3 em abril de 2018. (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO A Hapvida abriu capital na B3 em abril de 2018.

Duas empresas cearenses fecharam negócios de impacto, ontem, e movimentaram quantias que alcançam R$ 6,6 bilhões. Primeiro, o Hapvida comunicou ao mercado a aquisição do Grupo São Francisco. Posteriormente, a Arco Educação anunciou acordo com o Sistema Positivo de Ensino. As operações ainda estão sujeitas à aprovação de reguladores como a Agência Nacional de Saúde (ANS) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ambas tiveram assessoria do BTG Pactual.

O Hapvida caminha para se tornar a maior operadora de saúde do Brasil e maior rede verticalizada do mundo com a finalização do acerto. Foi efetivada operação de R$ 5 bilhões ma negociação para adquirir o Grupo São Francisco. A título de sinal, a empresa realizou pagamento de R$ 200 milhões. Também foi assinado na tarde de ontem acordo vinculante para aquisição de 100% do capital social do Sistema Positivo de Ensino pela Arco Educação. O acordo prevê pagamento de R$ 1,65 bilhão.

Se for consolidada pelas agências reguladoras, o Hapvida passa a atuar nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País. Atualmente, a operadora de plano de saúde conta com 4 milhões de clientes, enquanto a São Francisco tem 1,8 milhão - um milhão em planos odontológicos e 800 mil planos de saúde.

O negócio consolida de forma consistente a entrada do Hapvida no mercado do Centro-Sul do País, já que o São Francisco é uma das maiores redes de saúde do Brasil, com presença forte em estados como São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.

Já a Arco Educação, com a aquisição, amplia participação no mercado para 15% do total de escolas particulares brasileiras, com 1,2 milhão de alunos. Foram quatro anos de negociação para fechar com o Sistema Positivo. Segundo o CEO da holding, Ari de Sá Neto, desde que a Oferta Pública Inicial (na sigla em inglês - IPO) na Nasdaq foi aberta, em outubro passado, as conversas avançaram bastante.

O negócio também amplia a atuação da cearense no Sudeste e Sul, já que atualmente tem 40% dos seus clientes concentrados nas regiões, enquanto a Positivo tem proporção na casa dos 70%.

Economista e vice-presidente do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Luís Eduardo Barros afirma que os negócios são muito importantes para o Ceará porque colocam o Estado em destaque com mais empresas entre as maiores do Brasil. Ele lembra de outras marcas que possuem impacto nacional como M. Dias Branco, J. Macêdo e Edson Queiroz.

"O lucro que se obtiver no restante do País vai voltar para o Ceará e a tomada de investimentos será feita aqui. A cabeça pensante do Hapvida está no Ceará, o que é muito importante para o Estado", diz. Ele ainda acredita que o Cade e a ANS devam autorizar o negócio, pois, o Hapvida não tomaria de conta do mercado.

Na negociação, a operadora se comprometeu a pagar à vista, após o aval da compra, R$ 4,75 bilhões. Como possui R$ 3 bilhões em caixa, assume dívida financiada de R$ 2 bilhões. O restante será pago em ações aos acionistas do Grupo São Francisco. Também participavam da concorrência pela compra a Notre Dame Intermédica, Amil e Bradesco Saúde.

"As duas empresas têm culturas semelhantes e faremos um trabalho de regionalização muito forte a partir de agora", disse o presidente do Hapvida, Jorge Pinheiro. Com o anúncio, as ações ordinárias do Hapvida saltaram 6,05% e passaram a ser vendidas por R$ 32,44. A variação dos papéis a 7% de valorização. (Com informações do Blog Jocélio Leal)

Perfis de cada empresa

HAPVIDA

Com mais de 4 milhões de clientes, o Hapvida é uma das maiores operadoras de saúde do Brasil. São mais de 21 mil colaboradores, 27 hospitais, 78 clínicas médicas, 20 prontos atendimentos, 85 centros de diagnóstico por imagem e coleta laboratorial (Vida & Imagem) distribuídos em 12 estados onde a operadora atua com rede própria. Em abril do ano passado, a operadora passou a ofertar ações na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

GRUPO SÃO FRANCISCO

Fundado em 1945 com a abertura do Hospital São Francisco, o Grupo é um dos maiores operadores de saúde do Brasil, com atuação em mais de 12 estados. Possui presença forte em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. O Grupo é composto pela São Francisco Saúde, São Francisco Odontologia, São Francisco Resgate e pela Documenta Clínica Radiológica. Ao todo são 7 mil colaboradores.

ARCO EDUCAÇÃO

Oferece soluções educacionais pautadas em metodologia própria, atua em todos os segmentos do ensino básico, da educação infantil ao ensino médio. Atende mais de 1.400 escolas conveniadas e mais de 500 mil alunos. A empresa passou a ofertar ações na Nasdaq, bolsa de valores de Nova Iorque, em setembro passado.

SISTEMA POSITIVO

Com 40 anos no mercado, o Sistema Positivo de Ensino atende hoje mais de 695 mil alunos em cerca de 3.400 escolas particulares em todos os estados do Brasil. Ainda fazem parte do Sistema Positivo - mas que não foram adquiridos - os colégios, curso pré-vestibular e universidades do Grupo Positivo, além da gráfica Posigraf e do Sistema Aprende Brasil, que atende escolas públicas.

"É uma dinâmica parecida com Netflix", diz Ari de Sá Neto

O CEO da Arco Educação, Ari de Sá Neto segue com planos ousados de expansão da holding. Depois de franca evolução depois de abrir capital na Nasdaq, ele compara o negócio à gigantes de mercado. "É uma dinâmica parecida com Netflix. Quanto mais clientes, mais escala pra produzir soluções de qualidade".

O POVO - Quando começaram as negociações?

Ari de Sá Neto - Nossas primeiras conversas foram há 4 anos. Mas as conversas retornaram após o IPO em outubro. Então sete meses de negociação.

OP - A marca principal será Positivo?

Ari Neto - De forma alguma. Mantemos as empresas completamente independentes. Com marcas e times independentes e autônomos. São complementares regionalmente. Setenta por cento dos clientes de Positivo estão no Sul e Sudeste. Enquanto que Arco tem 40% de clientes no sul Sudeste.

OP - Em quanto tempo você espera uma resposta do Cade?

Ari Neto - Difícil de dizer. Com 1,2 milhão de alunos são 15% do mercado de escolas privadas brasileiras.

OP - O apetite de Arco segue aberto?

Ari Neto - Temos o desafio de uma aquisição dessa dimensão. É importante digerir a aquisição. Mas outras aquisições de produtos, empresas menores que oferecem serviços interessantes ou produtos complementares para escolas. Estamos abertos sim. (Do Blog do Jocélio Leal)

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