Jericoacoara tem sido um importante vetor na atração de turistas ao Ceará. Em 2018, foram mais de um milhão de visitantes. Dentre os parques sob a tutela do ICMBio, ficou atrás apenas do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro (2,6 milhões), e do Iguaçu, no Paraná (1,8 milhão). Mas a velocidade de transformações que estão ocorrendo na Vila também preocupa.
Em novembro do ano passado, a série de reportagens "Jeri. Futuro do presente", publicada no O POVO, mostrou alguns desses desafios, a exemplo de como a expansão dos empreendimentos têm modificado a paisagem; o aumento do custo de vida e a produção de lixo. Hoje, a média de lixo produzido diariamente em Jeri é de 2,4 quilos por indivíduo, uma das mais altas da região e bem acima dos 1,5 kg, que é a média de outros lugares de perfil semelhante, conforme a reportagem.
Entre a comunidade local, a nova tentativa do Governo de fazer a concessão do parque vem acompanhada de uma preocupação: a de que eles também sejam levados em conta no processo de elaboração do edital.
"Ainda está tudo muito vago, mas meu medo é o que será imposto para nós, que somos residentes, depois que a gestão passar para a iniciativa privada. De que seja exigida, por exemplo, uma série de regras, uma superestrutura, com investimento de R$ 20 mil, R$ 40 mil, que não se adeque à realidade dos pequenos empresários, de gente que estava aqui muito antes de Jeri se tornar a galinha dos ovos de ouro", explica Gabriel Santos, que é morador, dono de restaurante e presidente da Jeri Drinks, Associação de Caipirinhas da beira da praia.