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Ônibus e metrô ainda não são complementares
Economia

Ônibus e metrô ainda não são complementares

Segundo pesquisador. Análise
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As mudanças previstas para a integração entre ônibus e metrô devem ser pensadas em uma escala mais ampla, que envolva uma reorganização urbana da cidade. É o que defende Flávio Cunto, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O pesquisador argumenta que um adensamento no entorno das linhas é fundamental para evitar viagens muito concentradas apenas no início (no sentido sul-centro) e no fim (no sentido centro-sul) do dia. "O sistema precisa de agitação, embarques e desembarques em todas as estações", argumenta.

Cunto lembra que, antes da implantação da linha sul do Metrô de Fortaleza, houve estudos com relatórios feitos há 30 anos que justificavam a demanda do transporte sobre trilhos nas regiões atualmente entrecortadas pelos modal. "Infelizmente, os últimos anos de operação demonstraram que aparentemente a demanda prevista para o sistema não se concretizou", analisa.

O especialista considera a integração entre os modais de extrema importância, mas aponta que o Metrô de Fortaleza, para atingir a alta capacidade que promete, precisa assumir a exclusividade em determinados trajetos, algo que não ocorre, por exemplo, na avenida José Batos. A via ampara tanto o sistema de metrô quanto o de ônibus, em trajetos similares, competindo entre si.

"Quando a gente tem metrô e ônibus, eles têm que ser pensados como complementares. O sistema de ônibus, que tem custo menor, capacidade menor e flexibilidade maior, tem que ser pensado para trazer pessoas para o sistema que tem um corredor maior, como o metrô", defende.

Diretora de Planejamento do Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), Lia Parente destaca que a equipe responsável pelo planejamento do Fortaleza 2040 chegou a sugerir mudanças na área da avenida José Bastos a fim de priorizar o metrô como meio de deslocamento na região.

Presentes nos planos Mestre Urbanístico e de Mobilidade, as sugestões envolvem a eliminação de uma das vias para ônibus (uma vez que o metrô passaria a fazer os principais trajetos na região) para a criação de uma área com casas para pessoas originárias de territórios periféricos da Capital. "Pode gerar uma faixa grande para habitação de interesse social", avalia.

Lia Parente explica que essa seria uma ideia que, além de tornar os sistemas de ônibus e metrô complementares, resolveria problemas de habitação verificados entre famílias de baixa renda residentes em Fortaleza.

 

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