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Ceará tem 2ª maior alta no consumo de querosene de aviação do País
Economia

Ceará tem 2ª maior alta no consumo de querosene de aviação do País

| Impacto de mais voos | Em 2018, a venda do combustível subiu 17,42%. Perde apenas para Roraima (26,49%), segundo Anuário Estatístico de 2019
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O aumento no número de voos tem impactado o consumo de querosene de aviação (QAV) no Ceará. De acordo com o Anuário Estatístico 2019, divulgado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), base em 2018, o uso deste tipo de produto chegou a 238.597 m³ por ano. Alta de 17,42% em relação a 2017. É a maior média da história do Estado e o segundo maior crescimento do País.

Para se ter uma ideia, em 2009, o Ceará consumia apenas 156,3 mil m³ de querosene de aviação por ano. No Brasil, a variação do Estado no ano passado somente foi menor que a de Roraima, que cresceu 26,49% no período, chegando a 11.539 m³ por ano.

Em termos absolutos, os estados que mais consomem QAV no Brasil são São Paulo (3,1 milhão m³/ano), Rio de Janeiro (1 milhão m³/ano); e Distrito Federal (485,5 mil m³/ano). No Nordeste, o Ceará, mesmo com o aumento expressivo, fica atrás de Pernambuco (304,6 mil m³/ano) e Bahia ( 276,4 mil m³/ano).

De 2017 para 2018, o número de voos internacionais no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, aumentou de 14 para 48. Apenas no hub aéreo da Air France-KLM, em um ano de operações, já alcançou sete voos por semana para França e Holanda. A Gol ampliou a malha aérea em 35% no Estado.

O consultor na área de Petróleo e Gás, Bruno Iughetti, explica que este desempenho reflete a política de incentivos fiscais implementada pelo Estado que reduziu a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o produto. Em 2017, foi zerada a cobrança para o hub e, desde o ano passado, a base de cálculo do ICMS foi reduzida em 64% nas operações de aéreas que voam no Interior com destino a, no mínimo, três aeroportos: Jericoacoara, Juazeiro do Norte ou Aracati.

Se não fosse por isso, o preço médio do produto que, em 2018, foi R$ 2,415, teria sido ainda maior. Uma variação de 35,17% em relação aos valores praticados no ano anterior. "O grande problema é a logística de abastecimento. O querosene de aviação normalmente vem de Guamaré (RN) e da refinaria Landulfo Alves (BA). É uma logística cara, porque grande parte ainda vem para o Ceará de caminhão-tanque".

Em 2018, os preços dos produtos transportados pelo modal rodoviário sofreram grande impacto pela greve dos caminhoneiros. No Brasil, o valor médio do querosene da aviação bateu R$ 2,473, alta de 34,18%.

Se na aviação, o mercado de combustíveis está aquecido apesar da alta nos preços, nas ruas, o consumo está em transformação. O volume de vendas da gasolina C, a mais comum, caiu 3,75% em 2018 no Ceará. Por outro lado, a de etanol subiu 18,43%. No Brasil, a queda foi de 13,13% na gasolina e alta de 32,9% no etanol.

"Com mais carros flexíveis rodando, o consumidor está fazendo mais conta. Quando o preço do etanol está mais em conta, há uma baixa no consumo da gasolina e vice-versa", explica o economista Vitor Leitão.

Em 2018, a média da gasolina no Ceará ficou em R$ 4,50. São R$ 0,57 a mais do que a praticada no ano anterior. Alta de 12,66%. O etanol também ficou mais caro, mas em uma proporção menor (9,62%).

Iughetti alerta, no entanto, que a tendência é que neste ano o consumo da gasolina volte a crescer em relação ao etanol em razão de fatores externos. O preço alto do etanol no mercado internacional favorece a exportação. Já o da gasolina tem sido beneficiado pela queda do valor do petróleo no mercado internacional e da estabilização do câmbio. "Nos seis primeiros meses deste ano, já se percebe uma queda de 5% no preço da gasolina e de 2% no diesel no Ceará".

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