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Para tirar a economia da forca
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Editor-executivo de Economia, é especialista em Teorias da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará e mestre em Psicologia pela Universidade de Fortaleza. É vencedor de vários prêmios de jornalismo, como o Petrobras, Anac e ABCR.

Para tirar a economia da forca

Tipo Notícia

O plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de liberar até 35% do saldo das contas ativas do FGTS não pode ser interpretado apenas como uma resposta à aprovação da reforma da Previdência, cujo processo de votação deverá ser retomado em agosto na Câmara e finalizado em setembro no Senado. Tampouco deve ser visto como um presente do governo de Jair Bolsonaro (PSL) às famílias brasileiras, que sentem no dia a dia os efeitos do desemprego, o mais grave problema do País.

A crise no mercado de trabalho nacional, que afeta mais de 13 milhões de pessoas, tem contribuído fortemente com o aumento do endividamento e da inadimplência, diminuindo e até mesmo retirando o poder de compra dos brasileiros. Nesse contexto, a liberação de R$ 42 bilhões das contas ativas do FGTS e R$ 21 bilhões em mais uma rodada de saques do PIS/Pasep seria, de fato, uma injeção de ânimo na combalida economia. Mas uma injeção insuficiente para produzir os “anticorpos” que o Brasil precisa para se proteger dos “vírus” que impedem a tão esperada retomada do crescimento. A equipe econômica sabe disso, mas prefere fechar os olhos.

Ao recorrer a uma medida dessa natureza, que visa animar a economia pelo viés do consumo, o atual governo mostra falta de criatividade e até mesmo desespero. E repete, guardadas as devidas proporções, fórmulas utilizadas nas últimas gestões. Mas, no atual momento, Bolsonaro não está preocupado em seguir caminhos semelhantes aos trilhados por outros presidentes. Pelo visto, vale a pena fazer o Brasil alçar mais um “voo de galinha” neste segundo semestre para salvar o PIB de 2019, cuja previsão de crescimento já despencou de 3%, quando o otimismo estava em alta, para o atual 0,8%.

O fantasma de uma nova recessão, dois anos após o Brasil ter saído oficialmente da pior crise econômica de sua história, assombra o Palácio da Alvorada. Por isso, para o governo, não importa se a medida é paliativa, de curto prazo. Um novo tombo na economia precisa ser evitado a qualquer custo, principalmente, no primeiro ano da gestão de Bolsonaro. E Paulo Guedes tem essa missão. A queda do PIB em 2019, embora o ano já seja considerado perdido em termos econômicos, ofuscaria o brilho da reforma da Previdência, que, até agora, representa a maior vitória do presidente.

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