O Ceará é o terceiro maior exportador de rochas ornamentais do País, atrás do Espírito e Minas Gerais. De janeiro a junho deste ano, foram vendidos US$ 9,5 milhões em mercadorias para compradores como Estados Unidos, Itália e China. O dado da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas) evidencia o potencial desse mercado em razão da localização geográfica privilegiada e riqueza geológica do Estado. Outro ponto positivo é a logística via modal marítimo, no Porto do Pecém.
Somado ao mês de julho, de acordo com números levantados pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN), a cifra chegou a US$ 13,9 milhões em produtos exportados no período. Mais da metade das vendas foi do granito talhado ou serrado, totalizando US$ 5,6 milhões neste ano. Usado para pisos, cozinha, banheiro etc. Depois, a rocha quartzitos (US$ 4.892.217).
"O Ceará representa a nova fronteira de rocha. Está ocorrendo um deslocamento significativo de empresas do Sudeste para o Ceará, para explorar novos materiais", avalia o geólogo da Abirochas, Cid Chiodi, acrescentando que a proximidade do Estado com a Europa e o transporte hidroviário também impulsionam esse movimento.
Segundo o Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos (Simagran), há cerca de 280 negócios do setor no Estado, entre empresas que industrializam (serrarias e marmorarias), mineração (pedreiras) e que pesquisam. Elas estão concentradas, principalmente, na região do Noroeste cearense, como Sobral, Massapê e Santa Quitéria.
Karina Frota, gerente do CIN da Fiec, acredita que esse mercado está em ascensão. "Na análise da série histórica, considerando os últimos cinco anos, o Ceará deu um grande salto no setor de rochas ornamentais, aumentando de forma relevante o número de empresas que operam nesse segmento aqui. Hoje, temos quatro vezes mais empresas do que, por exemplo, quatro anos atrás. Dentre essas indústrias, nós temos as maiores exportadoras do Brasil", avalia.
Ela destaca que o setor é qualificado e tem prioridade para instalação de empresas na Zona de Processamento de Exportação (ZPE), devido ao histórico que o setor possui, com os vários protocolos de intenção que foram assinados. Outro ponto é que há pedras extraídas exclusivamente no solo cearense. Carlos Rubens Alencar, presidente do Simagran, aponta que os números não foram mais expressivos devido à quadra chuvosa, que pressionou a redução da produção.
Pondera, ainda, que o mercado registrou alta nos últimos cinco anos e deve continuar crescendo, mas também depende de fatores macroeconômicos e melhorias na infraestrutura. "Um gargalo no nosso setor são as estradas, que pioram o acesso à pedreira", explana.
Mercado de rochas ornamentais deve crescer mais nos próximos cinco anos no Ceará
A aposta é que o mercado de rochas ornamentais vai acelerar nos próximos anos. De acordo com Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o atual cenário é bastante otimista.
"A nossa expectativa é que as exportações terão um forte crescimento nos próximos três ou quatro anos. Pretendemos ter o segundo maior parque industrial e de exportações desse segmento", analisa.
Ela acrescenta que o incremento muito visível é de rochas exóticas, encontradas apenas aqui, e que colocaram o Ceará no radar de grandes investidores. Dentre os destaques dos quartzitos, estão a perla venata e tajmahal. Os considerados super exóticos são: palomino, wood stone, roma imperiali, turtle e a raridade de cristal amethiste.
Outro ponto, explica, é que o Estado assumiu a vanguarda no que diz respeito à exportação do granito. "Quando nós fazemos uma rápida contextualização dessa história, fomos um dos primeiros a incrementar o uso de máquinas, com tecnologia extremamente avançada, no início dos anos 1990, tudo leva a crer que teremos crescimento", avalia.
Carlos Alberto Nunes, gerente da Tecer Terminais, empresa Prestadora de Serviço Operacional (PSO) no Porto do Pecém, a tendência é que o setor aumente os números de exportações. "As rochas dependem muito da logística e o Porto está apto a movimentar. É uma carga que demanda expertise. Um bloco de 25 toneladas é capaz de afundar um navio", detalha.