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É preciso trabalhar 8h10min a mais para comprar a cesta básica
Economia

É preciso trabalhar 8h10min a mais para comprar a cesta básica

Com base no salário mínimo, hoje são necessárias 95 horas e 26 minutos para que o trabalhador consiga adquirir todos os 12 produtos básicos
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ELISABETH Coelho, aposenta, aposta nas promoções das redes de supermercados (Foto: AURELIO ALVES)
Foto: AURELIO ALVES ELISABETH Coelho, aposenta, aposta nas promoções das redes de supermercados

Trabalhar mais tempo para adquirir os mesmos 12 produtos de cinco anos atrás. Essa é a realidade atual, já que em julho de 2014, com base no salário mínimo, eram necessárias 87 horas e 16 minutos de labor para comprar a cesta básica no valor de R$ 287,19. No mês passado, foram demandadas 95 horas e 26 minutos, ou seja: 8 horas e 10 minutos mais. A porcentagem comprometida do salário mínimo na compra chega a 47,16%.

Tanto em nível de comprometimento do mínimo, quanto em tempo de trabalho demandado para compra dos 12 alimentos básicos, Fortaleza tem os piores números do Nordeste. E a realidade vem piorando: nos últimos meses, entre janeiro e julho, o valor da cesta de produtos já aumentou 8,96%.

Portanto, encontrar uma solução para economizar parece difícil para a aposentada Elisabeth Coelho, 69, e recorrer a pesquisas de preço se tornou obrigação.

"A minha estratégia é andar com vários tabloides de oferta. Pesquiso muito. Já sei que os dias de segunda-feira e terça-feira são os dias de promoções de frutas nos supermercados; quarta-feira e quinta-feira são dias de carne. Sempre corro atrás dos bons preços e tento driblar as altas", disse.

Apesar do esforço, cortes foram necessários - até mesmo em produtos que estavam entre os preferidos da família. Elisabeth conta que comprar abacate é bem avaliado antes de passar no caixa. "Há alguns anos custava R$ 0,99 e hoje posso encontrar por mais de R$ 4. Assim, a contragosto, não compro. Sempre corro atrás dos bons preços e tento driblar as altas, mas ainda percebi aumentos exorbitantes nas frutas, hortaliças e verduras", exemplifica.

Segundo o analista de mercado das Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, neste ano, alguns produtos como cebola e banana, além do tomate, tiveram um semestre com ciclo de preços elásticos. "Os tipos de feijão de corda, carioquinha, preto, e branco contribuíram para uma elevação no ciclo de preços para os primeiros seis meses do ano".

Olhando nos últimos cinco anos, dois fatores foram os principais responsáveis para um aumento que chegou a 50,75% no preço da cesta básica: a estiagem prolongada e, há menos tempo, a greve dos caminhoneiros.

"As chuvas passaram a ser irregulares e abaixo da média, prejudicando todo o Nordeste, que é produtor de grãos, com grande peso na cesta básica. O segundo ponto importante que impactou fortemente foi a greve dos caminhoneiros. No período entre abril e agosto, o preço dos produtos ficou bastante elástico, tanto que agora estamos com valores bastante defasados em comparação ao período anterior", acrescenta.

O que ficou claro para Elisabeth Coelho foi que o seu poder de compra vem diminuindo: "Vejo que nosso poder aquisitivo há dois anos era um e agora não conseguimos seguir com o mesmo consumo. Chegamos a um momento em que até riscamos alguns produtos da lista de compras porque eles alcançam um patamar de preço tão elevado que não conseguimos acompanhar".

 

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