O Ceará pode ganhar em breve um player de peso: a Klabin, a maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil. Além de uma fábrica de embalagens, está sendo negociada a implantação de uma planta de reciclagem e um centro de distribuição, no município de Horizonte, onde ficava a antiga fábrica da cervejaria Schincariol. O foco é avançar no agronegócio do Nordeste a partir do Ceará. O investimento total seria de até R$ 500 milhões nas unidades.
Hoje, o agronegócio é o principal mercado consumidor da companhia. E o Ceará exporta US$ 100 milhões por ano de frutas. Além da Agrícola Famosa e da Itaueira Agropecuária, importantes produtoras e exportadoras de melão e melancia do Brasil, o Estado tem histórico na produção de bananas no Vale do Cariri e grandes produções de flores na região de Ibiapaba.
A Klabin, que é a única do País a oferecer também solução em celuloses de fibra curta, fibra longa e fluff (utilizada principalmente nos segmentos de absorventes e fraldas descartáveis), e líder nos mercados de embalagens de papelão ondulado e sacos industriais, vem de uma boa fase. No segundo trimestre deste ano, a companhia registrou crescimento de 8% no Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 957 milhões.
 O balanço divulgado neste mês aos investidores mostra ainda que, no acumulado do ano, o Ebitda ajustado foi de R$ 1,962 milhão, crescimento de 19% em relação ao primeiro semestre de 2018. O volume total de vendas da Klabin no segundo trimestre, sem incluir madeira, foi de 818 mil toneladas, aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Junior, diz que as negociações estão avançadas. "Estamos trabalhando para a vinda da empresa, mas o negócio ainda não está fechado. Mas devemos ter uma posição ainda neste mês". Segundo ele, o Estado só pode aprovar o negócio após a Klabin definir a localização no Estado
Até o fechamento desta edição, O POVO não conseguiu contato com a Klabin, mas outras empresas confirmam o interesse da companhia no Estado. O presidente da Abrafrutas, Luiz Roberto Barcelos, diz que o setor observa a vinda da companhia com entusiasmo.
Ele explica que a embalagem é um dos itens mais caros depois da mão de obra, com peso de quase 10% no custo de produção da caixa de frutas. Hoje, a maior parte das compras de empresas cearenses vêm de Pernambuco ou da Europa.
"Nós (o setor de fruticultura) somos, vamos dizer assim, a razão principal da vinda da Klabin para cá. A fruticultura usa muita embalagem, muitas vezes importando o produto da Europa. Nossa expectativa é que, a partir da vinda da empresa, além dos ganhos com geração de emprego e renda no Estado, as empresas possam reduzir custos com frete e logística", diz.
Fundada em 1899, a Klabin possui 17 unidades industriais no Brasil e uma na Argentina. Seu mais recente investimento, na ordem de R$ 288 milhões, foi no Projeto Puma II. Aprovado no dia 16 de abril deste ano, com investimento total previsto de R$ 9,1 bilhões, prevê a construção de duas máquinas de papel para embalagens (kraftliner), com produção de celulose integrada, que serão instaladas na unidade industrial da companhia no município de Ortigueira (PR).