Responsável por dois terços do mercado de construção civil no Estado, os repasses do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) tê mais de 70 dias de atraso. O Sindicato das Construtoras do Ceará informa a Caixa Econômica Federal está devendo cerca de R$ 40 milhões e prejudicam cerca de 20 construtoras locais somente na faixa 1 do programa, que contempla famílias de baixa renda. Ontem, no da visita a Fortaleza do ministro da Economia, Paulo Guedes, empresários do setor organizaram protestos na Capital e em Iguatu. Houve paralisação em uma das obras habitacionais.
Em Fortaleza, os manifestantes se concentraram na Praça Portugal, na Aldeota. Além de empresários, operários, corretores e outros profissionais de categorias relacionadas ao setor da construção civil participaram do protesto.
No Ceará, um total de 700 empresas de pequeno e médio portes trabalham nas faixas 1,5; 2 e 3 do Minha Casa, Minha Vida. Elas empregam aproximadamente 20 mil pessoas. Outras 25 mil trabalham nas demais nas demais construtoras que executam obras ligadas à faixa 1. De acordo com o presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro, em razão do atraso no repasse dos recursos, há cerca de 40 dias não se contrata mais imóveis em Fortaleza nessas faixas do programa.
"(Na faixa 1) O Governo Federal entra com 5% do orçamento geral da União e supre os mais pobres. Vale destacar que as construtoras, na verdade, prestam um serviço ao Governo. Hoje (Ontem) foi liberado apenas uma parte deste recurso. É um caso muito sério, pois as empresas não têm previsibilidade de pagamento e põem o pé no freio com as obras, atrasando a entrega dos imóveis", explica.
Ele lembra que, somente em agosto último, aproximadamente 3 mil trabalhadores da construção civil foram demitidos no Ceará, impactando negativamente a economia do Estado. O presidente do Sinduscon-CE ainda afirma que, mesmo com a liberação dos recursos, novas contratações não devem acompanhar o ritmo com que foram feitas as dispensas, porque o mercado se sente inseguro com o Governo.
Sobre as faixas 1,5; 2 e 3, Montenegro revela que são obras tocadas por empresas de menor porte e é a faixa que tem grande penetração nos municípios do Interior", gerando empregos em diferentes regiões. "A falta de repasses acaba prejudicando a economia dessas cidades, já que essas obras beneficiam indiretamente vários outros setores", observa.
Quanto à manifestação, o presidente do Sinduscon-CE reforça que o ato foi "espontânea, pacífico e apolítico" e não teve relação direta com a visita do ministro Paulo Guedes a Fortaleza. O objetivo, aponta, foi acender no Governo um sinal de alerta para o que passa a categoria.
O POVO entrou em contato com a Caixa Econômica Federal para repercutir o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Repasse
O Governo Federal anunciou que repassou ontem R$ 443 milhões para o programa Minha Casa, Minha Vida no Brasil. A expectativa é que, até a próxima semana, sejam liberados mais R$ 100 milhões para o programa
PÚBLICO
Nos protestos do setor de construção, o público estimado em Fortaleza foi de 150 pessoas. Já em Iguatu, foram contabilizados aproximadamente mil participantes. Os cálculos foram feitos pelo Sinduscon-CE