O Ceará possui três empresas certificadas no Sistema B, que seguem a cartilha de enxergar não apenas o lucro, mas também o impacto social, ambiental e econômico que geram na sociedade. Selletiva, in3citi e Amêndoas do Brasil são estas cearenses. Seus gestores vão apresentar, hoje, práticas, desafios e oportunidades que têm impulsionado negócios e como isso transforma o tipo de relacionamento que estabelecem com o mercado, o consumidor e a comunidade em que estão inseridas.
No Brasil, já são 163 empresas que submetem suas práticas para avaliação do Sistema B, certificação que vem ganhando força no mundo ao parametrizar indicadores e torná-los disponíveis para todos, inclusive, para o consumidor. E é esta nova dinâmica de mercado que é o tema da 3ª edição do projeto O POVO Sustentabilidade, uma palestra aberta e gratuita que será realizada hoje, às 19 horas, no Espaço O POVO de Cultura & Arte.
"Este conceito de Sistema B está ganhando força no mundo. E é importante entender todas as transformações que estão ocorrendo na sociedade e como as empresas podem contribuir usando seu poder de mercado para solucionar problemas comuns", afirmou o coordenador do Comitê de Sustentabilidade do O POVO, Sérgio Leite.
A Selletiva, especializada em logística reversa, por exemplo, foi premiada internacionalmente, dentre mais de 3 mil empresas no mundo, no Best for the World 2019 - categoria meio ambiente, por ter desenvolvido, dentre outros pontos, um sistema que garante, de forma transparente, o gerenciamento e rastreabilidade de indicadores ambientais das empresas em relação ao descarte dos resíduos sólidos.
"Esta transparência é importante porque faz com que o mercado saiba, para além do que está escrito no papel, onde de fato os resíduos das empresas são descartados", explica a sócio fundadora da empresa, Rose Moreira.
Na Amêndoas do Brasil, é a linha de produção da A Tal da Castanha, de bebidas, snacks e pastas feitos, sem aditivos químicos, a partir da castanha de caju, que vem somando transformações. E não apenas no mercado de nutrição saudável. De acordo com a gerente de recursos humanos da Amêndoas do Brasil, Sandra Oliveira, graças ao programa de educação continuada desenvolvido pela empresa já foi possível elevar em 78% a escolaridade dos colaboradores.
"Isso sem falar no nosso programa "Atrás dos Muros" que leva educação ambiental para pessoas da comunidade e nosso trabalho em relação ao empoderamento feminino. Para nós estes valores são a base da empresa".
Já a in3citi, do cearense Haroldo Rodrigues, é uma investidora de negócios de impacto. Ou seja, aquelas empresas que nascem com o propósito de resolver uma demanda social. Dentre as iniciativas impulsionadas está o aplicativo Nina, que possibilita às mulheres denunciarem casos de assédio em ônibus. Entre 6 de março a 26 de junho, mais de 930 denúncias foram feitas na plataforma de Fortaleza. Destas, 77 foram formalizadas na delegacia. Além de possibilitar identificar os locais, trajetos e horários de pico em que o assédio é mais recorrente.
Agora, a plataforma começa a ser levada para cidades do interior de São Paulo, Belo Horizonte e Cuiabá. "Há cada vez mais uma conscientização maior de setores públicos e privados da importância de garantir a acessibilidade da mulher dentro dos adensamentos urbanos. E entender os dados é fundamental na hora de elaborar políticas públicas mais eficazes".