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Usina de dessalinização no Ceará deverá beneficiar agricultura, diz Xico Graziano
Economia

Usina de dessalinização no Ceará deverá beneficiar agricultura, diz Xico Graziano

A avaliação do engenheiro agrônomo e ex-presidente do Incra, que palestrou em Fortaleza sobre os desafios para o setor, aponta para o uso da tecnologia em favor do desenvolvimento regional
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Para o ex-presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ex-deputado federal e engenheiro agrônomo, Xico Graziano, o Ceará tem muito a ganhar com a instalação de uma usina de dessalinização no litoral. Estado castigado por anos seguidos de seca, a água que abastece a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) vem do açude Castanhão. Essa iniciativa deve ser revista quando o processo de dessalinização for iniciado, acredita Graziano.

"O mundo todo está usando água dessalinizada há décadas e o Brasil teima em não fazer isso. Então, raciocino que temos que resolver o problema de abastecimento urbano dessalinizando a água e utilizo a água do açude para a agricultura. Hoje há uma competição entre o abastecimento humano e a irrigação", destaca Xico Graziano.

Na visão do engenheiro agrônomo, que em dezembro de 2018 foi cotado para assumir o Ministério do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro (PSL), para pensar em agricultura no Nordeste, é vital trabalhar em torno da irrigação das lavouras. "Não há futuro sem irrigação. Então é preciso investir bem mais do que se tem feito. O potencial existe".

Ele aponta exemplos ao redor do mundo de iniciativas que fizeram com que a agricultura se desenvolvesse em regiões desérticas na Austrália e Tunísia.

"Os processos tecnológicos evoluíram de tal forma que o solo não é mais problema. Então, aqui no Nordeste que sempre houve restrições por causa do semiárido, chegou a hora de aproveitar as novas tecnologias e deslanchar", afirmou ao O POVO.

Na sua opinião, o projeto do Governo do Estado de buscar uma parceria privada deve encontrar êxito, apesar do projeto ser alçado na casa dos R$ 3,3 bilhões. Fundos de investimentos na Europa, Ásia e Estados Unidos teriam interesse em projetos assim, financiando-os a juros baixos, ressalta.

Para o ex-deputado federal, que fez parte da bancada parlamentar do agronegócio, utilizar o Castanhão para abastecer a RMF, "do ponto de vista estratégico e futurista, não tem nenhum sentido porque temos uma imensidão de água bem aqui do lado (diz sobre o mar)". Com a viabilização da usina, haveria a opção de destinar a água do açude ou da usina para a irrigação. Graziano cita a fruticultura, em especial.

"A tecnologia é eficiente e faz com que se gaste pouca energia, ainda é custoso porque os projetos estão evoluindo. Mas, antes, as pessoas criticavam os planos em energia eólica e olhe como eles estão agora. Quanto mais utilizar, mais barato vai ficar", acredita.

O projeto da usina de dessalinização no Ceará está em andamento. Atualmente, na segunda fase de audiências públicas, promovidas pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). O Governo já autorizou o projeto feito pela espanhola GS Inima e deve promover o lançamento do edital após as discussões com a sociedade, onde aproveitará para ouvir os investidores sobre o modelo a ser proposto.

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AGENDA EM FORTALEZA

Xico Graziano proferiu a palestra "As tendências do agronegócio no Brasil e no mundo: como o Ceará pode participar da onda de desenvolvimento e tecnologia no agronegócio", realizada nesta sexta-feira, 27, no Viriato Buffet, no Parque Manibura. Plateia de aproximadamente 200 pessoas acompanhou a fala.

Agenda

Xico Graziano proferiu a palestra "As tendências do agronegócio no Brasil e no mundo: como o Ceará pode participar da onda de desenvolvimento e tecnologia no agronegócio", no Viriato Buffet.

 

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