A melhora do cenário econômico faz com que a venda de veículos no Estado alcance o melhor patamar no período pós-crise econômica, desde 2017, com 89,9 mil unidades novas comercializadas no Ceará desde o começo do ano. O número representa crescimento acumulado de 8% entre janeiro e setembro em comparação a igual período do ano passado. Os dados são da divulgação mensal da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
O balanço ainda revela que o mercado de veículos novos no Brasil cresceu 10,1% em setembro ante igual mês do ano passado. Já no Ceará, as vendas no último mês foram 3,79% menores que o anterior. Apesar da retração, a expectativa do mercado é de fechar o ano bem, pois os resultados do segundo semestre são historicamente melhores.
Em nove meses, foram 234,8 mil unidades vendidas no Brasil, o que fez a soma do ano chegar a 2,029 milhões de carros emplacados, alta de 9,9% em relação a igual período do ano passado. O presidente da Fenabrave-CE, Fernando Pontes, avalia que fatores importantes como a retomada da produção industrial para números próximos ao que foi em período pré-crise e a melhor oferta de condições por parte dos bancos têm contribuído.
O economista e sócio da Arêa Leão Consultoria Empresarial, Gilberto Barbosa, analisa que o resultado está alinhado com a melhoria da economia nos últimos meses. Ele acredita que devemos ver os setores ligados à economia doméstica serem beneficiados com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
"Vimos nos últimos anos expectativas de que no ano seguinte seria melhor, o que não aconteceu. Hoje, já estamos num cenário melhor, estamos aprovando reformas e, em cima disso, temos uma política monetária expansionista - os juros baixos e em queda. A perspectiva para recuperação é boa", complementa.
Vice-presidente da Fenabrave-CE e superintendente do Grupo Belfort, Lewton Monteiro Jr revela que os empresários já sentem melhora no mercado. Além da venda de carros novos, outras partes do varejo também estão sendo beneficiadas, como o mercado de seminovos e o consórcio tem crescido.
Outro ponto destacado por Lewton é a demanda vinda de autônomos e pequenos negócios, que tem crescido e fortalecido os números do varejo automobilístico. As pequenas e médias empresas têm encontrado alternativas de crescimento de participação. E, puxado pelos motoristas e motociclistas que trabalham em aplicativos de transporte e entregas, os autônomos têm ido mais às concessionárias.
"É um segmento que sabemos que está crescendo muito, pois é grande a quantidade de pessoas que estão se dedicando a esse tipo de atividade e isso se reflete no aumento das vendas", acrescenta.
A geração de emprego e riqueza afeta não apenas o varejo, mas toda a cadeia econômica envolvida. Essa análise é do doutor em Economia e professor do Departamento de Economia Aplicada da Universidade Federal do Ceará (UFC), Almir Bittencourt. "Isso é importante, pois estimula ainda mais a economia", afirma.
Otimismo
Nos últimos dois anos foram vendidas 107,7 mil e 116,1 mil unidades, em 2017 e 2018, respectivamente. Já em 2016, foram comercializadas 120 mil veículos. As 89,9 mil unidades vendidas representam quase 78% do que foi vendido em todo ano de 2018. Expectativa é que nos últimos três meses do ano a marca anterior seja ultrapassada.
Panorama
FORTALEZA
Na Capital, foram comercializados 36.618 veículos em 2019. Isso representa 40,7% do que foi comercializado em todo Ceará no ano.
VEÍCULOS PESADOS
O volume de participação nas vendas dos veículos pesados aumentou no Ceará. No ano passado, até setembro, haviam sido emplacados 1.354 ônibus e caminhões. Neste ano já foram 1.615. A venda de motocicletas lidera a preferência, com 50,8% de participação, enquanto os carros ficaram com 38,5%.
No Brasil, o mercado de caminhões tem sido impulsionado pelos segmentos de pesados e extra-pesados.
TAXAS
A retomada das vendas de veículos também passa pela maior oferta de veículos com novidades tecnológicas, além de melhores condições, com oportunidades de compras com taxas de 0,8% e 0,9%.