A insegurança e o comportamento de muitos motoristas ao volante têm cobrado um preço alto dos fortalezenses. Um levantamento feito pela Compara, plataforma de seguros e produtos financeiros, mostra que os homens costumam pagar até 21% a mais que a média brasileira em seguro de carros populares em Fortaleza. Quando se trata de veículos mais premiuns, a diferença chega a 28%. E, dentro de Fortaleza, dependendo do bairro, a média do valor pode aumentar até R$ 1,4 mil.
É o caso, por exemplo, de um seguro de um carro premium, no bairro do Papicu, que custa em média, R$ 6,1 mil, e no Bom Jardim, R$ 7,5 mil. Variação de 23%. Já entre os carros populares, a maior diferença (18%) foi detectada entre os bairros da Aldeota (R$ 3,6 mil) e Bom Jardim (R$ 4,3 mil).
No comparativo entre seis bairros da capital cearense (Aldeota, Papicu, Messejana, Bom Jardim, Edson Queiroz e Centro), também foi constatada uma média mais cara no Edson Queiroz. Por outro lado, Aldeota e Papicu se revezam com a média mais baixa.
Porém, Fortaleza não é a cidade mais cara para se fazer um seguro. No Rio de Janeiro, o serviço em um carro premium para mulheres pode custar até 28,03% a mais, enquanto que para homens a diferença chega a 17,71%.
Em relação a São Paulo, a média de preços praticados em Fortaleza é superior tanto na categoria premium, quanto na de populares. A exceção é para veículos populares para mulheres.
"Sem dúvida, a localização influencia muito. Às vezes, existe variação até mesmo entre ruas de um mesmo bairro. Se há mais ocorrência de furtos e roubos, maior o risco e com isso o valor do seguro", afirma o CEO da Compara, Paulo Marchetti.
Ele explica que o perfil do condutor também reflete nesta conta. Homens jovens costumam ter um comportamento de maior risco, por exemplo, que mulheres na mesma faixa etária, porque embora elas acionem o seguro com mais frequência, em geral, os acidentes envolvendo homens costumam ser mais graves e com maior chance de perda total.
O estudo da Compara mostrou que dependendo do veículo (se as peças de reposição são mais caras ou se são mais visados por roubos e furtos) e da seguradora, os preços podem oscilar muito. Em Fortaleza, a diferença entre um seguro mais barato e um mais caro, em um mesmo bairro, pode passar de R$ 7 mil.
Mas, neste ano, no comparativo entre janeiro e abril, não houve grande evolução de preços e, em alguns casos, houve queda. A média de seguros de um Chevrolet Ônix, para um homem de 30 anos, em Fortaleza, caiu 20,86%. "O que se esperava é que, com a queda da taxa de juros, isso fosse ser repassado ao consumidor. Mas não foi. Como o mercado não cresceu tanto, as seguradoras estão tendo que brigar por um mercado mais restrito, o que favorece quem está na ponta", afirma Paulo.
As intervenções públicas feitas na área, ou a falta delas, também contam. O advogado Renato Aires, 42, sabe bem disso. Ele, que mora no bairro da Parquelândia, disse que sentiu a diferença no valor do seguro dos carros, desde que foi instalado um Batalhão do Raio próximo onde mora. "Baixou mais ou menos uns R$ 70".
Ele diz, no entanto, que independentemente do valor, hoje, este é o tipo de despesa que não dá para abrir mão. "Andar sem seguro requer coragem porque o carro é um bem material de valor considerável. E qualquer batidinha besta já é um custo de R$ 10 mil para consertar e não é todo mundo que tem este valor disponível a qualquer hora".
Venda
A venda de veículos no Estado alcançou o melhor patamar no período pós-crise econômica, desde 2017, com 89,9 mil unidades novas comercializadas no Ceará desde o começo do ano até setembro.