O Papa Francisco canonizou, às 5h33 (horário de Brasília) deste domingo, 13, no Vaticano, a baiana Irmã Dulce (1914-1992). Santa Dulce dos Pobres, como é chamada agora, teve seu processo de santificação concluído em 27 anos — o terceiro mais rápido da história da Igreja Católica. A baiana é primeira santa brasileira.
Com duração de cinco horas, a cerimônia foi acompanhada por milhares de devotos na Praça de São Pedro, e por tantos outros no Brasil. A cantora Margareth Menezes e o sanfoneiro cearense Waldonys, ao lado do maestro e miraculado José Maurício - o homem que voltou a enxergar após rezar para Dulce - , foram as atrações musicais da cerimônia de canonização.
Após as apresentações artísticas, começou o rito da missa pela canonização de Dulce e dos outros quatro beatos: John Henry Newman; Giuseppina Vannini; Maria Teresa Chiramel Mankidiyan; e Margherita Bays. O rito da canonização aconteceu durante a missa. Ao final da missa o Papa Francisco rezou, como em todos os domingos, a Oração do Ângelus.
O miraculado José Maurício contou como foi o momento da canonização. "Foi muito emocionante participar", disse. "O protocolo exigia que eu ficasse ao lado dos outros miraculados", revelou. "A gente pegou o ofertório, pegou uma taça com pétalas de flores e levamos ao papa. Para minha surpresa, quando a gente chegou lá, o papa pegou a minha mão, eu não esperava isso, e me abençoou", recordou José Maurício. "Estar aqui hoje é o maior dia da minha vida, é o maior acontecimento da minha vida, saber que minha santinha, minha conterrânea, minha contemporânea, pessoa que a gente via andando pelas ruas de Salvador fazendo só o bem, pôde ser canonizada pelo meu milagre...Isso pra mim é de uma alegria que não dá para descrever", completou.
A superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), Maria Rita Pontes, entregou ao Papa Francisco um terço e uma imagem de 30 cm da Santa Dulce dos Pobres. "Foi muito rápido, entreguei a imagem de Irmã Dulce a ele, quando ele recebeu, se emocionou", contou.
No sermão, o papa ressaltou que os que se dedicaram aos mais pobres na vida religiosa percorreram "um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo".
Baianos que moram na Europa marcaram presença na celebração. Caso da bibliotecária Viviane Seixas Silveira e da turismóloga Iara Dourado, ambas de 45 anos e que moram na Holanda. A amiga Zélia Dourado, de 65 anos, saiu do Brasil e as encontrou na Europa. "Um de nós, baianos, está sendo santificado. Isso é um orgulho", disse Viviane.
Entre as autoridades presentes no Vaticano estavam o vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão; o prefeito de Salvador, ACM Neto; o vice-prefeito Bruno Reis e o governador do estado, Rui Costa; além dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre.
Após oficialização da canonização, o bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, dom Marco Eugênio Galrão, anunciou a mudança do nome do Santuário da Imaculada Conceição da Mãe de Deus para Santuário Santa Dulce dos Pobres.(Jorge Gauthier, do Correio)