Antes de ser interrogado, administrativamente, por uma comissão do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), o engenheiro José Andresson Gonzaga dos Santos já havia prestado depoimento na Delegacia do 4º Distrito Policial, em Fortaleza. No mesmo dia em que o Edifício Andréa desabou, 15/10, ele se apresentou ao delegado José Munguba Neto acompanhado dos advogados Brenno Almeida e Wladson Charles.
Na delegacia, Andresson Gonzaga não revelou muitos dos detalhes descritos para os engenheiros do Crea-CE na tarde de ontem. Para o delegado Munguba Neto, Andresson contou que já havia visitado o Edifício Andréa no dia 21 de agosto deste ano, quando foi preparar uma proposta de orçamento.
Naquela ocasião, a síndica Maria das Graças Rodrigues teria dito ao engenheiro que o serviço de recuperação dos pilares e das vigas já havia sido executado anteriormente por um pedreiro.
No depoimento, Andresson afirma que o trabalho teria sido executado de maneira errada, pois o pedreiro teria utilizado materiais inadequados para a reforma.
Ao chegar no edifício, Andresson teria constatado "que os pilares já demonstravam ferragens com nível de corrosão muito alto, oportunidade em que a seção do aço estava completamente comprometida com ferrugem".
Pelo novo serviço de recuperação dos pilares e das vigas do prédio, o condomínio iria pagar R$ 22 mil. Além disso, o engenheiro teria informado a síndica sobre a necessidade de reparo nas varandas que apresentavam "o aço danificado". Porém, Maria das Graças teria dito que contrataria o serviço em outra ocasião dada a falta de dinheiro.
O reparo das colunas e vigas foi autorizado pelo condomínio em 14/10. No dia seguinte, o Crea-CE assinou a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Andresson retornou para executar a obra e, por volta das 10h07min, falou para síndica que havia tirado a ART. "Aproximadamente 20 minutos após a emissão da ART, ocorreu o desmoronamento".