A produção de caju da atual safra está sob perigo por causa do fungo oídio (Oidium anacardii). A doença afeta tanto a produção de castanhas, quanto a de pedúnculos e já prejudica a safra do caju que está em andamento.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), por intermédio do assessor estadual da Cajucultura, engenheiro agrônomo Egberto Targino Bomfim, alertou sobre o risco do oídio nos cajueiros. Trata como uma doença agressiva, que, "caso não seja controlada, no tempo certo compromete e inviabiliza a exploração da cultura".
A notícia abalou os produtores, que vem sofrendo com a perda do valor de mercado do caju nas indústrias consumidoras. O POVO conversou com Francisco Chagas, presidente da Associação de Produtores Familiares de Pascoal (Aproaf), que reúne mais de 80 produtores de Pacajus, e ele revela que o valor caiu de R$ 1 por caju em 2014 para R$ 0,30 em 2019.
Ele diz que, mesmo com o valor tendo caído, a recepção da indústria à fruta não é a mesma de anos anteriores, o que faz com que produtores joguem caju no lixo.
"Ano passado eu joguei no lixo 560 toneladas de caju. Neste ano nem estou contabilizando. É terrível", lamenta.
Para os produtores, criar o Vale do Caju e outras iniciativas para revitalizar a cajucultura cearense são urgentes. Sob risco da atividade deixar de ser rentável para os produtores menores.
De acordo com o último Censo Agropecuário, de 2017, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,5 milhões de pés de caju foram colhidos nos 25,4 mil estabelecimentos agropecuários dedicados à cultura no Ceará. O rendimento foi de 32 milhões de toneladas de castanha de caju.
De lá pra cá, a área plantada vem diminuindo. Neste ano, a produção estimada pelo mercado é de safra com 60 mil toneladas, mas com a praga afetando os cajueiros e os prejuízos devem ser maiores, já que a estimativa inicial era 13% menor do que foi em 2018.
O presidente do Instituto Caju Brasil (ICB), Vitor Oliveira, comenta que nos últimos anos houve avanços quanto à introdução de novas genéticas nos cajueiros, mas que "a produtividade ainda deixa muito a desejar".
"Nossa produtividade é de aproximadamente 250 quilos de castanha por hectare, sendo que temos variedades com potencial de chegar a mil quilos por hectares", ressalta.