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Por que Fortaleza deve fechar o ano com a maior alta de preços do País
Economia

Por que Fortaleza deve fechar o ano com a maior alta de preços do País

Segundo a variação exposta pelo IBGE entre janeiro e outubro, o índice na Capital é de 3,45%, bem acima da média nacional de 2,6%
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Dados são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (Foto: Deísa Garcêz/Especial para O Povo)
Foto: Deísa Garcêz/Especial para O Povo Dados são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos

Após sofrer deflação em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Fortaleza subiu 0,4% em outubro. Ainda de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, a capital cearense tem a região metropolitana do Brasil com a maior alta de preços acumulada. Em 10 meses, a inflação é de 3,45%, enquanto a média nacional é de 2,6%. No ranking, apenas a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) superou os 3%, o que mostra um cenário em que deve fechar o ano com a maior variação do País.

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Acontece que a inflação da RMF terminou o ano passado como a segunda menor entre as regiões, com 2,9%. Naquele momento, a média nacional foi de 3,75%. Quando se observam os dados dos últimos 12 meses, o IPCA local também ficou em 3,45%, resultado menor do que o registrado nos 12 meses imediatamente anteriores, quando chegou a 4,06%.

Dentre os grupos de serviços que são vilões para os moradores da Grande Fortaleza estão os gastos com habitação, com acréscimo de 6,73% no acumulado, e alimentação e bebidas, com alta de 2,27% no ano. No peso mensal, essas duas despesas representam 46,5% do total orçamentário gasto em outubro.

O professor de Economia e Finanças da Universidade de Fortaleza e membro titular do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Allisson Martins, destaca que o "processo inflacionário afeta a economia como um todo, seja no lado empresarial, que pressiona os seus custos, reduzindo as margens de lucro, bem como as famílias, pois reduzem a capacidade de consumo".

Ele ainda observa que sete dos nove grupos de produtos e serviços registraram elevação nos preços. Apenas nos grupos despesas pessoais e comunicação os preços em Fortaleza apresentaram deflação. Apesar do resultado, que não considera "alarmante", a RMF deve se manter na meta inflacionária de 4,25%.

"Vale lembrar, também, de outros anos recentes que a inflação em Fortaleza figurava entre as mais altas do País, como em 2015, que no acumulado até outubro já alcançava a marca de 8,45%. Naquele ano, a inflação em Fortaleza encerrou em 11,43%".

A doutora em Economia, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP-UFC), Alessandra Araújo, explica que diversos fatores podem impactar no índice de inflação entre os produtos. Ela aponta que, no caso dos oito produtos mais inflacionados, há questão da maior demanda, que gera impacto na oferta.

Em outros casos, como na alta da areia, pode ser um indício positivo, já que o item é insumo importante para o setor de construção, com um inflacionamento de preços que "pode estar ligado a um retorno da atividade, com o insumo principal sendo mais demandado".

Em suma, a professora acredita que a inflação na Capital acima dos padrões nacionais apenas prejudica os mais pobres, já que, em termos comparativos com outras regiões, terá um peso maior sobre as finanças. E que produtos considerados commodities agrícolas, como o tomate e o alho, sofrem alguns "choques" de preços por dependerem de safras e fatores climáticos, por exemplo.

"O impacto principal é na parte de alimentação, pois o mais pobre gasta a maior parte de sua renda com alimentação, afetando de maneira mais contundente. A inflação, mesmo estando no centro da meta, faz com que os pobres de Fortaleza estejam numa situação pior do que os de outros locais", afirma Alessandra.

Com o aquecimento das vendas no comércio, é esperado que haja inflação neste setor. Mas, segundo os economistas, nada aponta para uma disparada de preços. O economista e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Wilton Daher, diz que o IPCA em Fortaleza é muito baseado em problemáticas sazonais.

Ele lembra que o valor da energia aumentou em todo o País, pelo término do período de chuvas, fazendo com que o uso de usinas termelétricas aumentasse a bandeira vermelha utilizada nas contas de luz. "São as sazonalidades que existem e fazem com que em pouco tempo as variações tomem rumos diferentes. Alguns produtos têm um peso muito alto e saem da linha de razoabilidade, aumentando a inflação".

Projeção do PIB

O Governo aumentou a projeção para o crescimento da economia em 2019. A estimativa do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no País), foi revisada de 0,85% para 0,90%. Para 2020, a previsão é que o PIB tenha expansão de 2,32%, ante a previsão anterior de 2,17%. Para os três anos seguintes, a estimativa é 2,50%. Essas estimativas estão no Boletim Macrofiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia.

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