Com 20 meses de administração privada da alemã Fraport, o Aeroporto de Fortaleza saltou da última para a quinta posição entre os oito aeroportos de sua categoria, médio porte, com movimento entre 5 e 15 milhões de passageiros por ano, segundo a Pesquisa de Satisfação do Passageiro e de Desempenho Aeroportuário do Ministério da Infraestrutura. A nota de 4,41 de satisfação geral do usuário, obtida no terceiro trimestre de 2019, é bem maior do que os 4,16 do primeiro trimestre de 2018, quando a administração iniciou.
Para além do salto de 16º para o 11º melhor ranqueado dentre os 20 equipamentos do País, a maior quantidade de voos, possibilitada por meio de acordos com companhias aéreas, fez do Aeroporto Internacional Pinto Martins alcançar outro patamar. Isso é o que acreditam as fontes de mercado e Governo ouvidas pelo O POVO. Para eles, a gestão especializada da Fraport, com o investimento estrutural contribuíram para o resultado.
O titular da Secretaria do Turismo do Estado (Setur), Arialdo Pinho, diz que pode-se aguardar mais evolução nos próximos resultados. Para ele, a nota média - no último resultado de 4,46 para os aeroportos de médio porte - é o próximo objetivo. Ele ainda destaca que a qualidade do equipamento, além de fidelizar turistas, também facilita negociações para novas operações.
A presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Izabel Colares, avalia que, para os passageiros, tem sido notória a evolução nesse espaço de pouco mais de um ano e meio. "Uma melhor qualidade no atendimento, muito profissionalismo, conforto e facilidades".
"O cearense por natureza já é bem atencioso somado ao talento do profissionalismo alemão, deu esse mix", observa Izabel ao destacar que os principais indicadores apontam para excelência no atendimento.
A presidente do Corecon destaca que outros fatores, como a proximidade do aeroporto com as principais ofertas da rede hoteleira e com o Centro da Cidade. Izabel Colares ressalta: "O salto de qualidade já aconteceu".
O economista Alcântara Macêdo destaca que os resultados observados com o Pinto Martins mostram que as Parcerias Público-Privadas oferecem garantias de qualidade suficientes para investimentos em áreas estruturais como portos, aeroportos e saneamento, por exemplo.
Ele destaca que, caso o Aeroporto de Fortaleza permanecesse sob administração pública, correria o risco de estar "completamente estrangulado" pela crescente demanda de voos e passageiros. Mas, hoje, observa, a qualidade está equiparada a níveis internacionais, mesmo em meio a obras de ampliação.
"A expansão foi feita com o aeroporto em total movimento, o que traz transtornos. Mas, acho que diante dos avanços e desafios o resultado é positivo e imagino que podemos ter qualidades equiparadas a níveis internacionais, já que Fortaleza é uma cidade turística e porta de entrada do País com os voos vindos da Europa e dos Estados Unidos", complementa.
Entre os pontos ainda considerados como desafio à gestão, de acordo com o que aponta a própria pesquisa, está o custo-benefício de serviços oferecidos, como estacionamento e comércio de objetos e alimentos. Item pior avaliado pelos usuários, o estacionamento custa, por uma hora de parada, o valor mínimo de R$ 14 por uma das 848 vagas disponíveis. Na área VIP, fica em R$ 16. A diária varia de R$ 45 a R$ 50, nas duas opções de área.
Sobre o resultado, a Fraport destaca que, desde que assumiu a gestão, em 2 de janeiro de 2018, "tem como prioridade oferecer qualidade, conforto e segurança nos serviços prestados aos passageiros e usuários". "Continuamos trabalhando nas obras de modernização e ampliação do aeroporto e ficamos felizes em confirmar, por meio das pesquisas, que nossos esforços estão sendo percebidos e surtindo bons resultados".
76%
Dos entrevistados pela pesquisa em Fortaleza viajavam sozinhos. Dos que estavam acompanhados, a maioria (60%) viajou acompanhado de uma pessoa e outros 21% de duas pessoas.
29%
Dos ouvidos pela pesquisa em Fortaleza têm renda entre 4 e 10 salários mínimos. Outros 17% possuem renda entre 10 e 20 salários e 14% com renda acima dos 20 salários mínimos. Apenas 3% do total de passageiros possui rendimentos de até 1 salário mínimo.
Obras do Aeroporto de Fortaleza estão 95% concluídas, segundo a Fraport
Em meio a movimentações de embarques e desembarques no Aeroporto de Fortaleza, também se tornou habitual ver, entre os usuários do terminal, operários de coletes amarelos trabalhando para entregar as obras de ampliação. Segundo a Fraport, administradora do Pinto Martins, 95% dos trabalhos já estão concluídos e o prazo até abril de 2020 deve ser cumprido.
"Nosso compromisso é entregar um aeroporto moderno, eficiente e focado no cliente", diz a empresa alemã em nota. O autoatendimento está entre as novidades já observadas no equipamento, no processo de entrada na área de embarque, com um sistema que lê o cartão. Instalado na segunda-feira, 4, a tecnologia Bar Coded Boarding Pass (BCBP), da D'flow, agiliza o processo de reconhecimento dos códigos.
Segundo funcionários e os próprios passageiros ouvidos pelo O POVO, tanta novidade em pouco tempo deixa alguns "um pouco perdidos", mas a concordância é que a estrutura tem melhorado. O engenheiro elétrico, Isaac Florêncio, 40, passageiro constante do aeroporto por vir visitar a família mensalmente, comenta que mesmo em serviços avaliados de forma ruim, acredita que eles estão melhores do que eram há seis anos.
"O aeroporto está com uma infraestrutura melhor. O que temos visto de obras não tem causado impactos para os usuários, o meu trajeto aqui é bem rápido. (Quando acabarem as obras) O aeroporto vai atender à demanda, que aumentou", opina.
O secretário do Turismo do Ceará (Setur), Arialdo Pinho, aponta que os resultados de satisfação de passageiros obtidos têm sido "fantásticos" por ainda estar em obras. "Eu acredito que em 2020 teremos resultados ainda melhores, pois com o fim da obra, a Fraport passa a trabalhar só com a operação".
 O titular da Setur ainda acrescenta que os 95% entregues significam que o que resta de obras são as partes menores, de acabamento. O sentimento de Arialdo é que o aeroporto tenha suas obras entregues dentro do prazo, sem sustos.
"(O Aeroporto) Ainda está em evolução, continua no caminho. Lutamos pela nota cinco - que é a avaliação máxima da pesquisa de satisfação", complementa.
Transporte para ir ao Aeroporto
O meio de transporte utilizado para deslocamento até o aeroporto também foi um dos itens pesquisados. Na última pesquisa, referente ao 3º trimestre deste ano, mostra que a maioria (40%) utilizou transporte por aplicativos para chegar. Essa proporção era de 24% no primeiro trimestre de 2018. Naquele momento, a maioria utilizava veículo privado (34%) ou táxi (25%). Hoje, esses dois meios perderam espaço, mas ainda estão na preferência de 28% e 18% dos passageiros, respectivamente.
Forma de check-in
A maioria dos passageiros (41%) ainda prefere realizar o check-in no balcão do Aeroporto de Fortaleza. Outros 32% costumam fazer o serviço pela internet e 16% começam pela internet e terminam no balcão. No início de 2018, 30% dos passageiros iam ao balcão e 12% confirmavam o voo no check-in eletrônico. Na época, 22% do total entrevistado realizavam de casa pela internet.
Passageiros
Recém chegados a Fortaleza para um fim de semana, o policial militar Hélio Brito, 39, e a atendente Hortência Moreira, 26, afirmaram que, na comparação com o Aeroporto de Salvador, viam melhor estrutura na Capital. Comentam desde o desembarque, na retirada das bagagens despachadas, até a acomodação e tamanho dos espaços. Para o casal, mesmo em obras, o Aeroporto de Fortaleza está "ok" e a preocupação deles já passa a ser com a estada.
Ranking de satisfação dos passageiros com os aeroportos
3º trimestre de 2019
Campinas 4,77
Curitiba 4,75
Vitória 4,65
Maceió 4,56
Confins 4,55
Goiânia 4,54
Manaus 4,53
Brasília 4,47
Santos Dumont 4,44
Galeão 4,43
Fortaleza 4,41
Congonhas 4,36
Porto Alegre 4,35
Guarulhos 4,34
Recife 4,34
Natal 4,33
Cuiabá 4,27
Belém 4,23
Florianópolis 4,17
Salvador 4,12