Com a taxa básica de juros, a Selic, em 5% ao ano, menor patamar da história, os investidores, antes acostumados com bons retornos em renda fixa, encontram na renda variável melhores rendimentos. Isso porque títulos pré-fixados como Tesouro Direto, Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) têm seus rendimentos atrelados à Selic.
 E quando a taxa de juros sobe, o retorno desses investimentos é maior. Mas, quando diminui, os retornos são menores. Para se ter uma ideia, em maio, quando a Selic estava em 6,5% ao ano, era possível encontrar CDB com vencimento em 2024 rendendo 10,28% ao ano. Hoje, com a Selic em 5% ao ano, o mesmo título é encontrado com retorno em torno de 7% ao ano.
Com o novo cenário de investimentos, o número de pessoas físicas cadastradas na B3, bolsa que concentra o mercado de capitais financeiros do País, aumentou em 2019. Até outubro, cerca de 700 mil brasileiros se cadastraram para investir na Bolsa, somando-se mais de 1,5 milhão de inscritos.
Até setembro deste ano, o volume aplicado por pequenos investidores somava R$ 284 bilhões. Desse total, quase 80% estavam em posse de pessoas com mais de 45 anos de idade, conforme dados da Bolsa. No Ceará, 24.823 pessoas estão cadastradas na B3. Desse total, 19.925 são homens, e apenas 4.898 são mulheres. Ao todo, os cearenses investem R$ 2,2 bilhões, o que representa 0,78% dos investimentos realizados na B3, no acumulado do ano até setembro.
Leonardo Cavalcante, economista e especialista em investimentos, acredita que os investimentos em renda fixa vão demorar a ter retornos atraentes. Para quem não está acostumado com as volatilidades da Bolsa, ele aconselha cuidado e pesquisa. "É interessante que o investidor busque empresas com longo histórico, que realize pagamento de bons dividendos, (distribuição de parte dos lucros da companhia para acionistas), bastante reconhecidas em suas áreas de atuação e que não estejam envolvidas em escândalos".
Thiago Fujiwara, sócio sênior da Vert Investimentos, indica que o principal é respeitar o perfil do investidor, que pode variar entre conservador, moderado ou mais sofisticado. "O investidor que vai para a renda variável está se expondo a risco maior para ter um melhor retorno no futuro. Para quem não está acostumado, o ideal, além de respeitar seu perfil de investidor, é ter o auxílio de um assessor de investimentos e, assim, montar uma boa carteira", explica.
Outra dica é investir em fundos multimercados, uma vez que a volatilidade é menor. "Esses fundos são bons para o investidor ir se adaptando as variações da renda variável", esclarece Leonardo. Outras aplicações apontadas para quem deseja iniciar na renda variável são os Exchange Traded Fund, conhecidos como ETFs. Eles são fundos de ações que têm como referência um índice da Bolsa de Valores. A composição é feita com o objetivo de rendimentos iguais ou superiores ao indicador utilizado. O BOVA11, por exemplo, replica o índice da Bolsa.