O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic de 5% para 4,5% ao ano - menor patamar desde o início da série histórica, em 1986. No rastro do corte, os bancos começam a anunciar a redução na taxa de juros do crédito imobiliário. A Caixa Econômica, por exemplo, reduzirá o percentual de 6,75% para 6,5% ao ano (somados à Taxa Referencial) a partir do próximo dia 16. Isso significa que o cenário favorável é para quem planeja comprar a casa própria, pois as parcelas estarão mais baixas.
A diminuição de 0,25 ponto porcentual vale para os financiamentos tanto pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) quanto pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). Já o Banco do Brasil anunciou que a linha de crédito para imóvel foi reduzida de 1,34% ao mês para 1,30% ao mês na faixa mínima; e de 1,72% para 1,68% ao mês na faixa máxima. A tendência, segundo especialistas, é que o movimento de queda das instituições públicas empurre os bancos privados a abrandarem as tarifas.
O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador em finanças pessoais e comportamentais, Érico Veras Marques, destaca que esse é o momento ideal para quem busca um imóvel para fazer morada, mas lembra que esse é um investimento de longo prazo. Ou seja, requer cautela e planejamento.
"Tem que ver se a parcela cabe no orçamento, não é porque está baixa que cabe. Sobretudo quem tem renda variável deve ficar atento", assinala. Para quem já possui um imóvel financiado, é necessário muito cuidado ao pensar em uma portabilidade para outra empresa. Isso porque terá tarifas adicionais para essa transferência. O recomendado é avaliar todos os detalhes do contrato, não somente a taxa de juros.
Gênesis Pazzetto Baptista, contador e sócio-diretor de operações da OGFI Governance - empresa de governança financeira para o setor imobiliário -, reitera que a redução impacta no valor do financiamento. "Com uma parcela menor, atinge mais pessoas com renda menor, porque o comprometimento é menor e estende muito mercado de crédito", avalia, acrescentando que o consumidor precisa fazer as contas e cotações em diversos bancos, analisando, além das taxas de juros, todo o pacote de empréstimos.
Outro ponto é que, para os investidores, essa queda não representa necessariamente é um bom negócio investir em especulações imobiliárias. Wilson Daher, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef), reflete que o cenário macroeconômico ainda é incertezas em razão do desemprego, número de endividados e, também, questões cambiais. "Acredito que a tendência é favorável, mas isso vai acontecendo gradativamente. Temos que ver como o mercado se comporta", pontua. Para ele, a medida também deve dar fôlego ao setor da construção civil.
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, está otimista. "A estratégia ao reduzir juros é ganhar mais clientes, com menos inadimplência. E ainda temos uma margem muito boa", projeta.(Com agências)