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"É pouco, mas é algo"
Economia

"É pouco, mas é algo"

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Em boa hora, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) presta uma homenagem ao economista Cláudio Ferreira Lima (in memoriam). Agora dá nome a um auditório. É pouco, mas é algo. Um apaixonado pelo País, pelo Nordeste, pelo Banco e pelo Ceará, Cláudio tinha o que os vendedores de conversa (alguns coaches e afins) chamam de propósito. O propósito dele era autêntico: servir ao Brasil. Fazia isso como dever, sem pieguice e enxuto das espumas ao vento do patriotismo rastaquera.

Havia o DNA dele em diversos planos de Governo, bem como na área econômica de seguidas gestões estaduais. Ou ainda no Anuário do Ceará, cujo o projeto editorial teve sua coautoria a partir de 2002. Foi presidente do antigo Iplance (mais tarde rebatizado de Ipece) no Governo Ciro Gomes, assumiu como secretário do Planejamento do segundo Governo Tasso Jereissati, donde saiu no meio da gestão porque ficou grande demais para aquele momento.

Mais importante: há o código genético de Cláudio na Constituição de 1988. A serviço do BNB, se tornou assessor da bancada do Nordeste em Brasília. Sua tarefa era fazer a defesa dos interesses da região. Missão cumprida. Em larga medida, o FNE (oxigênio do BNB) existe porque o projeto do deputado constituinte Firmo de Castro, criando os fundos regionais, teve aquele trabalho muito bem feito.

No tempo de secretário, pude conhecê-lo não como jornalista, mas como seu assessor. Foi rápido. Ele pediu para sair e eu também. Eram anos da implantação do Projeto São José (uma série de ações básicas como levar água e infraestrutura básica para a produção) e de um modelo de reforma agrária sem conflito (coisa que o MST não gostava e chamava de neoliberal), a chamada Reforma Agrária Solidária.

Cláudio não se atinha ao empirismo. Lia o Ceará. Dos livros e das ruas. Dominava sua história. E a escreveu. Em 2008, como parte da Coleção do Anuário, lançou "A Construção do Ceará - Temas de história econômica". Era uma coletânea de três capítulos por ele assinados.

Seria muito justo que Cláudio recebesse mais reconhecimentos pelo seu legado. A mais alta comenda do Governo do Ceará, a Medalha da Abolição, já outorgada a nomes de infinita menor importância (e, aliás, a quase nenhum ou nenhum negro), estaria à sua altura.

 

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