Questionado sobre a alta do dólar, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem que "isso era perfeitamente previsível". Em seguida, ensaiou uma lista de explicações: "Tem o coronavírus, a desaceleração global, incertezas... O que vocês (imprensa) estavam dizendo há um ou dois dias? Que está um caos, que o presidente não se entende com o Congresso, que não está havendo coordenação política, toda hora tem uma bomba... Se está havendo todo esse frisson, o dólar sobe um pouco".
Guedes disse também que o câmbio preocupa quando sobe rápido, mas, para isso, o Banco Central (BC) atua. "Está provendo boa liquidez", comentou. O ministro afirmou ainda que empresas que remetem recursos para fora do País também influenciam a cotação do câmbio.
Ele ainda sugeriu que a mídia tem relação com o aumento do dólar. "Como estamos confiantes de que a mídia vai entender que o Brasil está mudando para melhor, é uma questão de tempo. Se vocês estiverem menos nervosos daqui a um mês, quem sabe o dólar acalma", disse. Além disso, Guedes afirmou que o modelo econômico do Brasil é "quatro por quatro", com juros na casa dos 4% e dólar na casa dos R$ 4.
Para ele, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 é de crescimento de 2% e admitiu que trabalha com uma estimativa diferente da calculada pela Secretaria de Política Econômica (SPE), subordinada à pasta que ele comanda. Ele concedeu entrevista a jornalistas depois de ter participado de encontro com empresários promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A previsão da SPE para 2020 é de expansão de 2,4% e a expectativa é que o número seja revisado na semana que vem.
Guedes disse que "sempre" trabalhou com um cenário em que a economia crescia 1% no primeiro ano do governo Bolsonaro e 2% no segundo ano. Guedes ressaltou que a estimativa da SPE é calculada por "economistas sofisticados", que recorrem a modelos econométricos.
O ministro da Economia afirmou ainda que, pelas contas dos economistas que trabalham com ele, o impacto negativo do coronavírus na economia brasileira seria de 0,5 ponto porcentual, na pior das hipóteses, em um cenário de crescimento de 2,5%. Na melhor, segundo ele, o impacto seria de apenas 0,1 ponto porcentual.
Para o ministro, o coronavírus vai afetar mais onde está o foco da epidemia, a China, e as economias mais abertas, como é o caso também do país asiático. No caso do Brasil, ele disse, a economia é uma das mais fechadas do mundo. "Quando o vento é a favor, não pega tanto. Então, com o vento contra, também não pega tanto", afirmou.
Guedes disse ainda que o resultado do PIB de 2019 poderá ser revisado pelo IBGE, como aconteceu nos anos anteriores. Pela margem de erro do instituto, disse o ministro, a expansão registrada para o PIB de 2019 poderia subir de 1,1% para 1,4%. (Agência Estado)