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Grupo Marquise registra faturamento recorde e prevê novos investimentos
Economia

Grupo Marquise registra faturamento recorde e prevê novos investimentos

José Carlos Pontes, sócio e presidente financeiro do Grupo Marquise, conta sobre como a empresa tem enfrentado a crise do coronavírus e detalha os novos negócios
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José Carlos Pontes, sabendo curtir a vida e o amor familiar, está ao lado da irmã, Nizoca, e do cunhado, João Gurgel, do filho André e a nora Lina; sobrinha Bia e Osires Pontes e mais João Gurgel Filho e Ana Carolina; Astrid e Osvado Dias, em viagem de lazer. Córsega e Sardenha foram os cenários escolhidos.
 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação José Carlos Pontes, sabendo curtir a vida e o amor familiar, está ao lado da irmã, Nizoca, e do cunhado, João Gurgel, do filho André e a nora Lina; sobrinha Bia e Osires Pontes e mais João Gurgel Filho e Ana Carolina; Astrid e Osvado Dias, em viagem de lazer. Córsega e Sardenha foram os cenários escolhidos.

O Grupo Marquise registrou faturamento histórico de mais de R$ 1,2 bilhão, em 2019. Um crescimento de 15% em relação ao resultado anterior. Os números foram puxados pela ampliação da área ambiental, retomada das obras da ferrovia Transnordestina, vendas da incorporadora e o shopping popular Centro Fashion, conforme balanço da empresa.

A companhia cearense atua em sete estados, totalizando 14 municípios. Criada em 1974, o primeiro negócio foi na construção civil, seguido por infraestrutura, serviços ambientais, hotelaria, comunicação, shopping center, centrais de atendimento ao cidadão e moda popular. Atualmente, são mais de 6 mil funcionários.

Ao O POVO, o empresário José Carlos Pontes, sócio e presidente financeiro do Grupo Marquise, explicou que os resultados são fruto da retomada de projetos importantes e falou sobre a economia em tempos de pandemia do novo coronavírus. Como novidade, no auge da propagação do vírus, ele adianta que a empresa adquiriu uma fintech, que hoje opera exclusivamente em São Paulo. Ainda em processo de estruturação, a ideia é que atue também no Norte e Nordeste.

O POVO - Quais os maiores desafios econômicos para alcançar os números de 2019?

José Carlos Pontes - A economia do País passou alguns anos estagnada. Em 2019, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foi de apenas 1,1% e nos segmentos da indústria e serviços abaixo de 1,5%. Apesar destes desafios, tivemos, no Grupo Marquise, um crescimento de 15% em 2019. Isso se dá por termos profissionais de primeira linha à frente dos negócios, nosso modelo de gestão disseminado em todas as empresas, focado em resultados e performances, e a nossa crença de sermos ousados, mas com responsabilidade. Os desafios são enormes. O primeiro deles é nossa carga tributária que sufoca os segmentos produtivos e, daí, necessitamos que se avancem numa reforma fiscal. Outros entraves são a necessidade de ter estabilidade econômica, segurança do respeito aos contratos e garantias que estimulem os investimentos. Um terceiro e grande desafio sem volta é em tecnologia, o mundo todo está avançando em processos produtivos ágeis e automatizados, que transformam, mudam e até criam negócios, agora ainda mais acelerado pela pandemia do novo coronavírus.

OP - Após aprovada a reforma da Previdência ano passado, 2020 começou com boas projeções para a retomada da economia, mas logo foram arrefecidas pela pandemia e, agora, também temos um forte cenário de incertezas políticas. O que o senhor espera da economia para este ano?

JC - Realmente, havia um ambiente econômico favorável, com uma inflação controlada e taxas de juros baixas. Nem o mais pessimista dos planejadores imaginaria um cenário tão dramático. O Grupo Marquise, com 45 anos, já passou por crises fortes no passado e essa realidade da Covid-19, apesar de ser inédita e global, também vamos superar.

OP - Quais os impactos da pandemia nos negócios do Grupo Marquise?

JC - Tivemos impactos importantes em nossos negócios, por sermos um grupo bastante diversificado, esses impactos foram diferentes em cada setor. No segmento de varejo do Shopping Parangaba; de atacado do Centro Fashion e também no setor de Hotelaria esses impactos foram muito fortes. Nosso segmento de incorporação tem sofrido com obras paralisadas e inadimplência, mas acreditamos que em todos eles teremos uma retomada após a pandemia. Já no setor de infraestrutura, estamos com todas as obras públicas andando em ritmo acelerado e tendo com os nossos colaboradores todos os cuidados recomendados pela OMS. O negócio ligado à comunicação, que é a Rede Tambaú de Comunicação – RTC, em João Pessoa, na Paraíba, ganhou destaque nesse momento, pois o Jornalismo se tornou uma importante fonte de combate à pandemia. Nosso segmento na área ambiental, com limpeza urbana, coleta e destinação de resíduos sólidos, que é um serviço essencial para a população, se tornou de extrema importância nesse momento e está na linha de frente, inclusive aportando tecnologia de desinfecção de ambientes e vias públicas, com equipamentos desenvolvidos internamente por nossa equipe e acoplados aos nossos caminhões. Certamente enfrentaremos uma crise econômica como reflexo da pandemia, no qual alguns setores sofrerão mais e outros menos.

OP - O que pode ser feito para reduzir os efeitos da recessão nas empresas brasileiras?

JC - Uma medida importante para a retomada da economia seria a injeção de recursos a baixo custo para micro, pequenas empresas e profissionais liberais, mas as medidas tomadas até agora, fazendo essa injeção via bancos, além de ter alto custo, não chegaram na ponta. Parece que os bancos estão mais preocupados neste momento é em não terem riscos. Também seria de extrema importância que a reforma tributária fosse acelerada, mas, infelizmente, não temos clima para isso. Para alguns, a “política” é mais importante que o País.

OP - Como a Marquise tem trabalhado durante a crise sanitária econômica e como está se preparando para o mundo pós-pandemia?

JC - Temos um rápido poder de mobilização. Em alguns setores, mesmo antes do decreto oficial de isolamento, começamos a nos organizar para isso. Estabelecemos um Comitê de Crise, que se reúne regularmente e apresenta semanalmente aos acionistas um relatório com informações e sugestões que embasarão as tomadas de decisões. Colocamos toda a nossa equipe administrativa em home office, com toda a infraestrutura de TI, acesso a sistemas e comunicação, deixando apenas um pequeno contingente presencial na sede da empresa. Modificamos alguns processos para viabilizar o home office e rapidamente definimos procedimentos e políticas para formalizar para todo o Grupo. Estabelecemos um “Sub-Comitê de pessoas” para cuidar de nossos colaboradores, sobretudo, aqueles em grau de risco maior e, também, um “Sub-Comitê de comunicação”, que foi de suma importância para a comunicação interna dos negócios. Agora, estamos fazendo um trabalho de redução de despesas e custos, analisando os diferentes impactos nos diferentes negócios. Os cenários ainda são muito incertos de como essa crise vai perdurar e que consequências virão. Há sem dúvida diferentes riscos envolvidos. Temos uma preocupação na capacidade financeira das prefeituras e, portanto, com a adimplência de nossos contratos públicos e privados. Estamos com nossa equipe de liderança coordenando a coleta de informações do mercado, para construirmos esses cenários, estabelecermos um planejamento para os próximos meses, ajustando-os a cada 15 dias e podermos iniciar uma retomada com máxima segurança e assertividade.

OP - Há novos investimentos previstos?

JC - Sim. Desde o ano de 2019, estamos com planos de investimento em vários segmentos. Investimos no segmento de energia com a Gás Renovável de Fortaleza (GNR ) - que produz gás a partir dos resíduos do Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia (Asmoc), e temos, ano a ano, investido em tecnologia e expansão da nossa atuação da área ambiental, com coleta seletiva (Ecopontos), tecnologia veicular, automação e controle. Temos um projeto em expansão da incorporação imobiliária, uma vez que entendemos que será um grande salto desse negócio com expansão para o mercado de São Paulo. Na área de atacado tivemos a consolidação do Centro Fashion e, no segmento de varejo, o investimento em um novo Shopping, em João Pessoa, o Shopping Intermares. Apostamos numa renovação da Rede Tambaú de Comunicação, com toda uma reestruturação operacional, programação e novos parceiros com rádio Nova Brasil FM, em Maceió; rádio Jovem Pan e Portal T5, em João Pessoa; além da parceria com o site Metrópoles, de Brasília e o Portal T5. Nosso setor de Infraestrutura está cada vez mais fortalecido.

OP - Neste cenário de pandemia, há espaço para novos negócios no Grupo?

JC - Nos momentos de crise também surgem oportunidades e estamos atentos e preparados para elas. Há enormes lacunas na infraestrutura do País em diversas áreas como mobilidade, transporte, portos e aeroportos, saneamento, água e esgoto por exemplo. A Covid-19 nos mostra a necessidade de melhorar a infraestrutura de saúde e prevenção. A Marquise Infraestrutura possui tanto experiência como parceiros com know-how (conhecimento) na construção e operação de hospitais, como em saneamento - água e esgoto. Isso nos coloca numa posição de vanguarda, se essa necessidade for colocada como prioritária pós-pandemia. Temos avaliado o mercado do Sudeste em relação ao segmento imobiliário e isso tem sinalizado para nós como uma grande oportunidade de expandir nosso mercado de incorporação. Nosso projeto São Paulo, start (começo) da expansão para o Sudeste, está em andamento, já adquirimos terrenos em áreas nobres como Vila Nova Conceição, mas o início dos investimentos foi adiado por seis meses.

O POVO - Que outros segmentos se destacam?

JC - Acreditamos no crescimento do varejo em shopping centers e shoppings populares, a partir de 2020, mas compreendemos que há uma mudança importante ocorrendo nesse segmento, sobretudo com o varejo online, tecnologia de compras a distância e o chamando Omnichannel. Nosso projeto para o Shopping Intermares, com 35 mil m² de ABL (Área bruta locável), em João Pessoa, é mais um negócio previsto, que embora adiado para 2021, não foi cancelado, mas será adaptado para essa nova realidade do varejo pós-pandemia. Além destes segmentos, estamos vendo a oportunidade de crescer na geração de energia, por meio da captação dos gases dos aterros sanitários, mas esse investimento em novo projeto, fora a GNR Fortaleza que já está em operação, ainda está no início dos estudos e deve ocorrer somente em 2022. Temos sempre estudado novas oportunidades, a partir dos nossos estudos de tendências, avaliados nos nossos planejamentos anuais de cada negócio, sempre estudando os riscos, investimentos, potenciais parceiros e expertise de cada negócio.

OP - Diante das novas demandas e mudanças mercadológicas, quais novos negócios já são uma realidade no rol do Grupo?

JC - Somos, por natureza, um grupo que acredita no Brasil, na nossa gente, na nossa capacidade de empreender, de gerar riqueza e renda. Nosso espírito de ousar chancela nosso crescimento que ao longo dos nossos 45 anos de história foi nossa marca. Mas, sempre ousamos com critério e responsabilidade, sempre estabelecemos um planejamento muito rigoroso com planos claros e definidos, o que nos dá a segurança de agirmos com rapidez e assertividade. Assim, acreditamos que essa crise vai nos fortalecer e nos oportunizar novos negócios, novos investimentos e novos crescimentos. Dentro desse pensamento e alinhados com a decisão do Banco Central do Brasil de flexibilizar e abrir os serviços bancários, até então exclusivos aos bancos, adquirimos, neste mês de abril, no auge da pandemia do novo coronavírus, uma fintech, que hoje opera exclusivamente em São Paulo. Assumimos neste mês a empresa e estamos estruturando para que em curtíssimo prazo passe a operar além de SP, no Norte e Nordeste, regiões onde temos forte atuação.

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