Duramente impactado pela crise da pandemia, o setor da construção civil retoma as atividades nesta segunda-feira, 1º de junho, na primeira etapa de flexibilização estipulada pelo Governo do Ceará. No escopo desta chamada fase de transição, está a redução do quadro de operários, limitado a 100 por obra. A estimativa é que 27,1 mil pessoas voltem ao trabalho na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O que corresponde a 30% da cadeia produtiva no Estado, incluindo corretagem imobiliária e fornecedores de depósitos.
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Hoje, existem cerca de 250 canteiros parados — entre pequenos, médios e grandes — , contabilizados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-CE). Nestas intervenções, devem retornar somente 4 mil dos 12 mil trabalhadores.
Nos canteiros, os operários terão de utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) concedidos pelas empresas. Lavatórios para a higienização das mãos serão disponibilizados, além da distribuição diário de kits higiênicos para os cuidados no retorno para casa. Dentre os itens, água sanitária, sabonetes e álcool em gel.
Haverá o escalonamento dos horários das refeições, reduzindo a aglomeração neste período da rotina laboral. Por exemplo, uma equipe almoçarás às 11h, outra às 11h30. Já os funcionários que fazem parte do grupo de risco do novo coronavírus serão dispensados temporariamente.
Ainda entra no plano a medição diária da temperatura de todos os operários e o treinamento para que os profissionais saibam como agir no trajeto de ida e volta do trabalho e durante todo o expediente, além de orientações nos cuidados para entrar em casa. As informações são do presidente do Sinduscon-CE, Patriolino Dias.
Segundo ele, o segmento está apto ao retorno, considerando que as já foram orientadas a seguir os protocolos. "As vidas estão em primeiro lugar. Estamos liberados por conta do baixo risco de contaminação e isso é comprovado em pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc)", diz. "A expectativa é que, na última fase, em 20 de julho, o segmento consiga trabalhar com todas as equipes", projeta. Os dados citados mostram que a taxa de internação é de 0,02% e o de óbito, 0,01%, conforme último levantamento do último dia 22.
Diante das exigências, as empresas estão estudando como se adequam aos novos protocolos sanitários, o que deve gerar uma demora para o retorno para algumas. André Montenegro, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), acredita que o setor já tinha elementos para um retorno há mais tempo, pois não concentra um fluxo de pessoas no mesmo espaço e a mão de obra ocorre em espaços abertos, com circulação de ar. "A recuperação vai ocorrer de acordo com a volta, muitos devem levar de sete a 15 dias para conseguir retomar", explica.
Para Ananias Granja, diretor da Engexata Engenharia, a retomada ajudará a construção civil, sem gerar impactos na saúde dos funcionários. "Depois de 60 dias parados, queremos contribuir com a diminuição da curva. Vamos ser um polo de informação para os nossos colaboradores, minimizando os efeitos dos riscos com muita conscientização", afirma.
Esta primeira etapa engloba 17 setores econômicos. Dentre eles, serviços médicos, salões de beleza e indústria têxtil. Ao todo, serão quatro fases graduais de recomeço até que os demais sejam incorporados.