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BNB cogita atender empresários que não conseguiram crédito em bancos privados
Economia

BNB cogita atender empresários que não conseguiram crédito em bancos privados

| Direcionamento | Novo presidente do Banco do Nordeste, Alexandre Cabral, afirma que vai analisar possibilidade. Impactados pela crise, empresários relatam dificuldades em conseguir crédito
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O novo presidente do Banco do Nordeste (BNB), Alexandre Borges Cabral, afirmou na posse ao cargo que o banco vai analisar a possibilidade de atender aos empresários que não conseguiram crédito no mercado financeiro privado durante a atual crise. "Precisamos realizar um diagnóstico do fluxo de caixa antes para saber o que podemos além do que já fazemos", disse.

Atuar junto a esses empresários nesta crise foi um dos pontos destacados por Alexandre, que entende que o desafio para o BNB é ampliar a atuação da instituição onde há "falhas no mercado", indo aonde os bancos privados não chegam, pois em momentos de pandemia e aumento de incertezas, há dificuldade em assumir o "risco calculado" que o BNB pode, afirma. A ideia também é repensar o Nordeste com foco no desenvolvimento e infraestrutura.

Ele frisou ainda a ampliação de parcerias e investimentos em economia circular, com conceitos de sustentabilidade. "Precisamos tornar (o banco) mais ágil, rápido, diluir o processo de concessão de crédito com segurança, garantia, de forma que a gente possa atender de forma mais rápida a região Nordeste". No que diz respeito aos programas de microcrédito, ressalta que devem ser ampliados com a possibilidade alcançar todo o País, "possivelmente a partir de uma empresa separada do próprio Banco".

Sobre o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), Cabral diz que uma reanálise será realizada, mas a expectativa é que os recursos não sejam aplicados na proporção prevista ante o desaquecimento econômico provocado pela crise.

Já a política de distribuição de recursos do FNE entre setores, como o FNE Sol, FNE Infraestrutura, deve ser revista. A ideia é produzir um novo planejamento estratégico que será apresentado na próxima reunião do Conselho Deliberativo da Sudene (Condel). "Vamos reavaliar esses programas e saber se eles são efetivos".

Ao falar sobre a possibilidade de privatização do banco, ventilada no início da gestão Bolsonaro, descartou a ideia. "O que posso dizer é que o Banco do Nordeste não está na lista das empresas que estão previstas para desinvestimentos e privatização". Outra ideia descartada por Alexandre foi que a mudança na gestão do BNB, com a indicação de seu nome, era por apadrinhamento político e criticou a imprensa por divulgar possível indicação pelo Partido Liberal (PL), de Valdemar Costa Neto.

Também negou ter chegado à Presidência da Casa da Moeda do Brasil (2016-2019) por recomendação de Roberto Jefferson (PTB), ainda na gestão de Michel Temer (MDB). "Gostaria de declarar que não conheço esses dois cidadãos, não tenho o telefone, não mantive contato. Minha indicação foi técnica. Essa história de dizer que é indicação política, é fake news", complementou.

Cabral assume a gestão no lugar de Romildo Rolim, que permaneceu à frente do BNB por quase dois anos e meio. Antes da assinatura de posse, Romildo desejou sorte ao novo presidente. "O Banco tem muita importância no fomento nos nove estados do Nordeste e Norte do Espírito Santo e Minas Gerais. Os funcionários são peças fundamentais para ajudar a gestão e Diretoria Executiva a cumprir esse desafio e tenho certeza que todos nós estaremos dispostos e vamos trabalhar muito para fazer dessa gestão a melhor possível, para continuar nesta curva crescente e fazer com mais eficiência a sua missão".

O novo presidente

CURRÍCULO

Alexandre Borges Cabral é formado pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), tem MBA pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais e curso de Avaliação Financeira e Econômica de Projetos Industriais pela Universidad de Los Andes, na Colômbia. Participou de importantes projetos, como a criação do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), administrado pela Superintendência de Desenvolvimento Nordeste (Sudene), do Programa de Desenvolvimento de Turismo (Prodetur) I e II, que impulsionou o turismo da Região, do Prodecer II, que revolucionou, por exemplo, a região de Balsas (MA), e do Fundo Urbano, que possibilitou o saneamento de diversas capitais nordestinas.

CEARENSES

Alexandre Borges Cabral tem 34 anos de experiência na área financeira e funcionário de carreira do BNB. Foi também presidente da Casa da Moeda do Brasil (2016-2019) e coordenador da área de Atração de Investimentos do Governo do Estado do Ceará (2004-2007). Por último atuou como executivo no Escritório de Promoção e Atração de Investimentos e Relacionamento Institucional do Banco do Nordeste no Rio de Janeiro. Nascido no Ceará, torna-se o terceiro cearense em sequência no comando do BNB - antes vieram Marcos Holanda e Romildo Rolim.

DISTANCIAMENTO SOCIAL

Em meio à pandemia, as regras de distanciamento social precisaram ser seguidas à risca no auditório do gabinete da Presidência, na sede do BNB, bairro Passaré. Presentes apenas diretores e alguns poucos profissionais de imprensa. Maioria dos profissionais do banco acompanhou por videoconferência, assim como os membros mais velhos da diretoria.

GRATIDÃO

A passagem de Romildo Rolim na Presidência da instituição não deve ser esquecida tão cedo. Todos os diretores que falaram, exaltaram o trabalho do ex-presidente no que se refere à gestão, afirmando que hoje o BNB "está em outro patamar". No histórico da gestão, recordes de aplicações em FNE e de lucro na história do banco.

CASA DA MOEDA

Alexandre Cabral destacou sua passagem pela Casa da Moeda como grande desafio vencido. Contou que recebeu a instituição defasada, que não produzia lucros, mas depois de assumir em julho de 2016, sendo empossado pelo então presidente Michel Temer (MDB), realizou trabalho de recuperação da instituição até sua saída em 2019. O ministro da Economia, Paulo Guedes, escolheu o empresário Eduardo Zimmer Sampaio para substituí-lo.

INOVAÇÃO

O novo presidente do BNB ainda falou sobre o hub de inovação do Banco, o Hubine. Na sua visão, o estímulo à inovação na sua gestão será diferente. "Precisamos reavaliar esse segmento, pois linha de crédito não é muito adequada ao setor de startups, que é muito baseada em cérebros. Porque a taxa de mortalidade dessas empresas é elevada", diz. A sua ideia é em ampliar a atuação em fundos de venture capital (focado em capital de crescimento para empresas de médio porte que já possuem carteira de clientes e receita, mas que precisam de alavancar seu crescimento).

ATRAÇÃO

Antes de assumir a Presidência do BNB, Alexandre foi executivo no Escritório de Promoção e Atração de Investimentos e Relacionamento Institucional no Rio de Janeiro. Um de seus planos para o BNB é fortalecer esses escritórios, no Rio e em São Paulo, para captar projetos de investimento para o Nordeste.

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