A troca de comando do Banco do Nordeste (BNB) com a posse de Alexandre Borges Cabral ocorreu ontem, na sede da instituição, no Passaré. A substituição foi bem recebida, devido aos critérios técnicos adotados. Com 34 anos de experiência na área financeira e funcionário de carreira do BNB, Alexandre já presidiu a Casa da Moeda do Brasil (2016-2019). Mesmo diante de seu currículo, a avaliação é que o novo presidente terá grandes desafios pela frente.
Dentre eles, ampliar o acesso ao crédito aos microempreendedores, duramente afetados pela pandemia do novo coronavírus. Para a economista e especialista em Desenvolvimento Regional, Tânia Barcelar, o perfil de Alexandre é adequado.
"É alguém que tem trajetória no Banco e isso pesa. Não é um político tradicional, o que seria um absurdo", analisa. "O que tem de negativo é a motivação e por isso o risco está embutido. Não houve mudança porque precisava renovar ou não estava atendendo aos objetivos, foi interesse político para o presidente (Jair Bolsonaro, sem partido) enfrentar a instabilidade que está passando", diz.
Tânia pondera que o BNB tem capacidade interna de preservação, gerando menos impactos na fase de transição. Outro ponto é que o Consórcio do Nordeste pode atuar na resistência da instituição. "Não haverá espaços para mudanças radicais", avalia.
Já o economista e presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, reitera que o conhecimento técnico sinaliza uma perspectiva de continuidade, sem romper processos já em curso. Deverá, no entanto, haver mais cautela em razão da crise sanitária
e econômica.
"Será necessário o fortalecimento dos projetos da instituição, no direcionamento de acesso ao crédito do pequeno e médio empresário", explica. O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL), Freitas Cordeiro, avalia que a estabilidade é importante.
"É muito bom quando o comando persiste, mas, pelo que observamos, o novo gestor está próximo do sistema bancário e conhece nossa região", diz, destacando que há uma boa expectativa.
Freitas acrescenta que Romildo Rolim "fez um ótimo trabalho" e a expectativa é de manutenção de diálogo com a instituição neste momento de renovação de contratos e mais demandas por linhas de crédito.
O presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, complementa que o maior desafio será "fazer o dinheiro chegar na ponta das micros e pequenas empresas".
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"É muito bom quando o comando persiste, mas, pelo que observamos, o novo gestor está próximo do sistema bancário e conhece nossa região"
Freitas Cordeiro, presidente da FCDL do Ceará
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Uma instituição como o Banco do Nordeste tem capacidade de resiliência interna. O período é difícil e a motivação péssima, mas acredito em uma resistência interna importante para a preservação de uma instituição tão importante"
Tânia Barcelar, economista e especialista em Desenvolvimento Regional