26,4% dos sobralenses foram infectados em algum momento da pandemia, ainda que não tivessem apresentado sintomas - ou seja, um entre cada quatro habitantes. Já Fortaleza está em 2º lugar entre as capitais brasileiras, com 20,2% da população, atrás apenas de Boa Vista (RR), que apresentou 22,6%. Os dados são do estudo EpiCovid19-BR, coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e financiado pelo Ministério da Saúde.
Outros quatro municípios cearenses foram incluídos na pesquisa: Quixadá, Juazeiro do Norte, Crateús e Iguatu, e o percentual da população com anticorpos em cada um foi de 8,9%, 7%, 4,7% e 2,3%, respectivamente.
O estudo abrangeu 133 cidades em todo o País. 89.397 moradores foram escolhidos por sorteio, entrevistados e testados em casa por equipes do Ibope Inteligência. Os testes do tipo IgM e/ou IgG foram cedidos pelo Ministério da Saúde e examinaram a presença de anticorpos no sangue, mais facilmente detectáveis a partir do oitavo dia do início dos sintomas.
A pesquisa foi realizada em três fases: a primeira, entre os dias 14 e 21 de maio; a segunda, entre 4 e 7 de junho; e a terceira fase, que ocorreu entre os dias 21 e 24 de junho.
Pedro Hallal, coordenador da pesquisa e reitor da UFPel, destacou que os principais objetivos da foram avaliar a proporção da população com anticorpos e a velocidade de expansão da infecção. "Fazendo uma comparação entre essas três fases do estudo, o destaque é em relação ao Nordeste, que apresentou a maior tendência de aumento de casos de Covid-19".
O secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Raphael Camara, afirmou em apresentação coletiva que os dados devem auxiliar os gestores a planejar melhor as estratégias de enfrentamento à doença e que há a possibilidade da realização de novas fases. "Futuramente, pretendemos fazer uma análise qual a relação entre as medidas de isolamento nas cidades e (as taxas de) infecção".
Sobre as fases que podem ocorrer, Pedro Hallal disse que ele, como epidemiologista, acredita ser essencial para o acompanhamento da pandemia na população. "No entanto, será preciso confirmarmos uma teoria que surgiu na literatura científica há uma ou duas semanas, a de que os anticorpos do coronavírus podem desaparecer dos resultados dos testes depois de um período de três meses. Isso não quer dizer que a pessoa deixa de ter imunidade contra a doença, mas que que a quantidade de anticorpos não é mais detectável pelos testes", ressaltou. (Flávia Oliveira)