"As empresas têm de buscar eficiência dos negócios que estão em maturidade e, também, fazer uma discussão sobre eles. O ponto é: se você não fizer, alguém fará". A provocação é do O CEO da EY Brasil (antiga Ernst&Young), Luiz Sérgio Vieira, em entrevista ontem ao editor-chefe de Economia e Negócios do O POVO, Jocélio Leal.
Durante o programa O POVO em casa, Luiz Sérgio falou sobre a transformação do mercado, que deve ir além da tecnologia e englobar a gestão de pessoas. Para ele, deve-se priorizar as chamadas "soft skills" (habilidades interpessoais) para trabalhar a gestão humana. O primeiro passo é entender as mudanças que estão acontecendo e alinhar à proposta de valor com o cliente.
Um ponto essencial, explicou, é a capacidade de comunicação para facilitar o processo de inovação e modificação. Ocorre que alguns estarão preparados para as alterações, outros mais receptivos e parte não se adaptará, exigindo troca da mão de obra.
"A minha sugestão é não tratar a gestão de pessoas e o 'soft skills' como acessórios. Isso está no centro de qualquer transformação", analisou. Em relação às adequações do consumidor, ele destacou que a demografia é um fator crucial para entendê-las. Na medida em que a geração Z (nascidos a partir de 1996) se tornar maioria, superando os millennials (nascidos entre 1981 e 1996), os hábitos de consumo irão se transformando e, consequentemente, pressionando uma mudança das corporações.
"Uma das coisas que vinha em movimento e foi acelerada pela pandemia é a questão da confiança. Cada vez mais, as empresas serão cobradas por esse aspecto e a transparência de como lidam com seu público-alvo", avaliou.
Luiz Sérgio apontou que a pandemia terá efeitos distintos em cada período. "Hoje, amanhã e realmente o futuro, o que chamamos de 'now, next and beyond' (agora, próximo e além). Atualmente, as empresas estão no momento de sobrevivência, em que buscam sair da crise, depois, a transição e a saída", explana.
Neste contexto, pondera, algumas sairão mais impactadas. A precificação dinâmica é um aspecto importante neste novo contexto, mas quando combinada com a confiança e o propósito.
Um exemplo de transformação da EY foi o centro de inovação colaborativa Wavespace. O espaço foi criado para ajudar os clientes a colocar as ideias em prática e desenvolver projetos e soluções. Cada centro wavespace tem um ou mais recursos digitais, como IoT (internet das coisas), Inteligência Artificial (IA), experiência do usuário, blockchain, análise de dados ou segurança cibernética.
O CEO da multinacional frisou que a tecnologia é crucial, mas para aumentar a potencialidade humana. "As organizações que vão sair melhor da crise são as que tiveram olhar humano, que vivenciaram mais forte seu propósito", afirmou. A EY é líder global em serviços de auditoria, consultoria, impostos, estratégia e transações, e está presente em 150 países. No Brasil, são 5 mil profissionais e escritórios em 12 cidades. Com o centro de inovação colaborativa wavespace™, o Cybersecurity Center e o Analytics Hub, tem uma estrutura voltada para a transformação digital e a indústria 4.0.