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Indústria têxtil perde mais de 5 mil empregos no Ceará
Economia

Indústria têxtil perde mais de 5 mil empregos no Ceará

Os dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apontam 4.348 contratações e 9.715 demissões de janeiro e junho
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Veja o retrato da industria textil no Ceara durante a pandemia (Foto: luciana pimenta)
Foto: luciana pimenta Veja o retrato da industria textil no Ceara durante a pandemia

O setor têxtil fechou o primeiro semestre deste ano com saldo negativo de 5.367 postos de trabalho no Ceará. Entre janeiro e junho, foram 4.348 contratações e 9.715 demissões. Embora o recorte abarque o período que antecede a crise sanitária, agravada em março deste ano, a avaliação é que a situação pandêmica influenciou o resultado.

O perfil dos profissionais que perderam o emprego é composto pela maioria (3.341) do sexo feminino, entre 30 e 39 anos, seguido das faixas etárias de 40 e 49 anos (1.060) e 25 a 29 anos (1.032). Os que possuem o ensino médio completo foram os mais atingidos (3.553), além dos que têm o fundamental completo (696) e médio incompleto (451).

Atualmente, o mercado tem 55,3 mil postos de trabalhos formais nas 2.790 indústrias espalhadas pelo Estado. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), em coletiva de imprensa virtual, na manhã de ontem.

No País, a perda foi de 71 mil empregos. A produção têxtil caiu 22% entre janeiro e junho, na comparação a igual período do ano passado. Para o presidente da Abit, Fernando Pimentel, os Programas Especial de Suporte a Empregos (Pese), Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e MP 936, agora convertida em lei de nº 14.020, e o auxílio emergencial de R$ 600 aliviaram a recessão.

"Com a flexibilização da jornada de trabalho, ajudou bastante a preservar os empregos. Seguramente, o desemprego foi atenuado por essas medidas", afirmou. Questionado se as medidas de socorro adotadas pelo Governo Federal foram o suficientes para salvar o setor, Pimentel ponderou que ainda são necessárias ações efetivas que deem às empresas a capacidade de manter as atividades neste momento de instabilidades e mais segurança.

"Na parte de crédito, ainda está muito capenga. Os principais instrumentos sofreram mudanças e as grandes foram as mais beneficiadas, as pequenas, que sempre enfrentaram dificuldades, sofreram ainda mais", avaliou.

Outro ponto que estancou os prejuízos foi a reconversão industrial, processo de mudança de produção para atender às demandas da sociedade. "A migração das indústrias para a produção não apenas de máscara, mas de outros Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como avental cirúrgico, fez com que muitas empresas encontrassem um caminho na crise", destacou.

A estimativa, aponta, é que a recuperação econômica já esteja ocorrendo de forma gradual com o retorno das atividades em alguns estados, incluindo o Estado. No entanto, o emprego não deverá voltar no mesmo ritmo, considerando que as empresas estão com dificuldades no caixa.

"Mas o setor têxtil, pela sua capacidade de empregabilidade na confecção, poderá ser um forte fator na medida de crescimento do Produto Interno Bruto….O Ceará é um grande produtor para além das demandas cearenses e se o Brasil voltar a crescer, voltará a crescer junto", avalia.

Na avaliação do diretor da Delfa e Vice-Presidente do Sinditêxtil, Cristiano Junqueira, o mercado local conseguiu se equilibrar com a reconversão industrial e já dá sinais de retomada. "A queda já vinha antes da pandemia e veio ao ápice neste momento. Mas vejo que, hoje, a modinha, a lingerie estão melhores que outros segmentos e a tendência é que a situação vá melhorando", diz.

 

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