O POVO - Qual o impacto do corte no orçamento da UFC?

Cândido Albuquerque - A UFC já tinha tomado várias medidas porque já esperávamos esse corte, é óbvio. Hoje eu conversei com alguns reitores e muita gente falou que foi apanhada de surpresa. Qual a surpresa com um corte numa época desta? Não me surpreenderei se vierem outros. Você não vai ouvir nenhum empresário falar em surpresa diante de um corte neste momento, então por que o serviço público também não se planeja? Todo ano tem corte, mas o maior que houve na universidade, que eu tenha conhecimento, se deu em 2014, no governo Dilma. Dois pontos são fundamentais agora: não deixar cair a qualidade do ensino, da pesquisa e extensão da universidade, nem deixar de amparar os nossos alunos miseráveis, que são aqueles que precisam do auxílio da universidade para poder estudar.

O POVO - As medidas de proteção para a pandemia, que deve se estender ainda por muitos meses, podem ser prejudicadas?

Cândido Albuquerque - O corte só vai valer para o orçamento do ano que vem. Para a volta às aulas em setembro, já está tudo preparado.

O POVO - Mas já teve corte no orçamento passado.

Cândido - Teve, mas também houve aporte de recursos. Só para enfrentar a pandemia, recebi R$ 4 milhões há um mês e meio. Compramos testes e Equipamentos de Proteção Individual. As contas de água e energia estão muito baixas sem a atividade presencial.

O POVO - Onde mais a UFC vai "apertar o cinto"?

Cândido - Tem muitos locais ainda. Não tenho todos de cabeça, mas alguns contratos podem ser reajustados. E também tem a questão dos postos de serviços. Se pudermos maximizar a atenção de servidor, claro que se vai fazer isso. O que se gastava para fazer um congresso pode ser feito agora de forma virtual. O que tem que manter é a qualidade e incentivar o empreendedorismo. Não quero dizer que vai ser fácil.