Na contramão da crise do novo coronavírus, o setor supermercadista brasileiro cresceu 3,47% de janeiro a junho deste ano, de acordo com o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O Ceará segue a tendência, mantendo abertura de lojas previstas e gerando mais postos de trabalho.
A cadeia dos Mercadinhos São Luiz, por exemplo, terá mais três unidades até o fim deste ano, sendo duas na Capital e uma em Juazeiro do Norte, no Cariri cearense. Ao todo, são 21 unidades no Estado. Com os três novos estabelecimentos, serão criadas cerca de 300 vagas. Entre março e julho, já foram gerados 100 empregos diretos.
O diretor-presidente da rede Mercadinhos São Luiz, Severino Ramalho Neto, pondera que a abertura de novas lojas já era algo que estava no planejamento e foi mantida. "Estamos vivendo um momento de aumentado da demanda em razão da Covid-19, que pressionou diversas modificações de hábitos de consumo", diz.
As vendas do supermercado deram um salto no início da pandemia na comparação com 2019, subindo 17% em março, seguidos nos meses de abril (13%), maio (17%), junho (17%) e julho (21%).
Já o Guará Supermercados prevê cinco filiais até 2022, sendo uma para este ano, na Praia de Iracema, batizada de Le Petit Guará. Serão 40 novos funcionários. A ideia é que as lojas sejam mais compactas (600 m²) e tenham autoatendimento no setor de carnes e frios. "Neste momento, o nosso olhar foi concentrado para as vendas online, feitas por meio do nosso aplicativo Guará, no qual chegamos ao aumento de mais de 800% no número de pedidos", afirma a analista de Marketing do empreendimento, Érica Catunda.
Ontem, o Assaí Atacadista inaugurou uma loja no município de Iguatu. Foram R$ 51 milhões em investimentos, que devem gerar 500 empregos, entre diretos e indiretos. A unidade soma-se a outras oito da rede no Ceará. Segundo a empresa, no início da pandemia, foram contratados mais de 3 mil trabalhadores temporários. Além disso, desde abril, criaram outros 2.200 postos de trabalho, entre diretos e indiretos, devido às inaugurações de unidades.
O diretor de patrimônio da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Engel Rocha, explica que, no Ceará, muitas vagas foram criadas para atender ao serviço de delivery, com a migração dos clientes para as plataformas virtuais.
O economista Alex Araújo destaca que esse crescimento é uma tendência, mas é necessário acompanhar. "O consumidor está gostando da convivência da entrega, isso é algo que foi acelerado. Outro ponto é que as aulas ainda não voltaram e pressionam o maior consumo, embora as pessoas estejam começando a voltar para os restaurantes. É preciso esperar para saber como isso se dará", avalia.
No mês de junho, os supermercados brasileiros apresentaram alta de 2,78% em relação a igual período do ano passado. Na comparação com maio de 2020 houve queda real de 4,82% nas vendas. Para o presidente da Abras, João Sanzovo Neto, o resultado do semestre foi influenciado por muitos fatores.
Em março, analisa, o isolamento social fez com que o consumidor priorizasse as compras de abastecimento, aumentando o tíquete médio para evitar as idas aos supermercados, e isso se estendeu para os meses de abril e maio, impulsionado também pelas antecipações de feriados. A partir de junho, esse movimento começou a se normalizar.
"Também tivemos os reflexos do aumento de crédito no País, que impacta diretamente no poder de compra da população, com o auxílio emergencial, liberação do FGTS, antecipação da primeira parcela do 13º dos aposentados, entre outros", enumera. Ele pondera que o fim do auxílio emergencial de R$ 600 terá um impacto negativo.
O POVO procurou os supermercados Frangolândia e Lagoa, mas eles não eles não responderam até o fechamento desta edição. O Pinheiro Supermercado inaugurou loja na semana passada na Rogaciano Leite e agenda mais uma para este segundo semestre, na avenida Antônio Sales, no Dionísio Torres, mas não forneceu mais detalhes. Já o Super do Povo optou não participar.