Cleuton Santos sempre trabalhou como produtor de eventos. Faz de tudo um pouco, da coordenação de montagem de estrutura de palco, som, luz, parte técnica, além de experiências como ator e bailarino. Começou o ano de 2020 empolgado: já tinha quatro eventos grandes encarrilhados e, num cenário sem pandemia, teria trabalho agendado para até o fim deste ano. Mas tudo mudou.
A renda que antes girava em torno de R$ 3 mil mensais, em média, agora, é de aproximadamente R$ 600. Isso porque ele conseguiu o auxílio emergencial do Governo Federal e conta com a ajuda de amigos, artistas e empresas para as quais prestava serviços para colocar comida na mesa.
Também conseguiu alguns trabalhos em lives, mas pouco. “Tem sido bem difícil, graças a rede de artistas e das próprias empresas tenho conseguido sobreviver, mas é complicado ficar sem trabalhar. É um sentimento muito difícil, não consigo manter as contas em dia e os boletos estão se acumulando”.
Ele diz que, apesar de ter medo de contrair a doença e saber da gravidade dela, hoje, a incerteza quanto à sua sobrevivência tem falado mais alto: “Eu vou ser bem sincero, hoje meu medo maior é não saber quando vou poder sair de casa para trabalhar. De não voltar tão cedo ao que era antes, este é o meu maior medo”.
Na casa da recepcionista Alessandra Carvalho, a situação também está complicada. No caso dela, com a suspensão dos eventos, ela perdeu a sua renda na totalidade e o marido, que trabalhava em um restaurante, foi demitido. Hoje vivem do seguro-desemprego dele, do auxílio emergencial dela e da ajuda de parentes.
“É um dilema, né? Eu sei que o vírus está aí, matando muita gente ainda, mas as contas não estão fechando também. Minha preocupação é que daqui a pouco acabam as parcelas (do auxílio) e a gente não sabe nem se os eventos vão voltar neste ano”, diz.