A crise econômica nos últimos anos, agravada pela pandemia, tem levado mais gente a empreender por conta própria. Dados da Junta Comercial do Ceará (Jucec) mostram que este ano, de janeiro até o último dia 17, foram abertas 44.862 empresas do tipo MEI no Ceará. Por outro lado, outros 10.491 microempreendedores encerraram as atividades no período, gerando um saldo positivo de 34,3 mil empresas. Este número é 8,2% superior ao saldo do mesmo período do ano passado (31,7 mil).
A maior parte das empresas que estão surgindo no mercado cearense é do setor de serviços (23,1 mil). Em seguida, aparecem as 17,1 mil empresas abertas no comércio e 4,5 mil na indústria.
O economista Alci Porto explica que, só no mês de julho, os MEIs cresceram 18% no Estado, se comparado com julho do ano passado, mesmo com o contexto da pandemia. "Isso porque com o aumento do desemprego, cada vez mais as pessoas estão procurando alternativas para continuar tendo renda. Por isso é tão importante facilitar o processo de formalização porque este é o amparo de quem perdeu o emprego ou a renda. Ajudar o MEI significa mais possibilidade ocupações e reaquecimento da economia".
Foi a perda do emprego que levou Jamile Farias, de 27 anos, a querer montar seu próprio negócio, em 2017. Começou, informalmente, produzindo suspiros para festas. Ela decidiu se formalizar como MEI, em 2018, porque este era um dos requisitos para acessar o edital do projeto Mulher Empreendedora, promovido pela Prefeitura de Fortaleza, que oferecia capacitação e crédito para impulsionar o negócio.
De lá para cá, o Suspiros da Mile deslanchou nas redes sociais atendendo por encomenda. Mas, a pandemia trouxe novas instabilidades e a necessidade de se reinventar. Depois de 15 dias sem renda em função do cancelamento das festas, decidiu ampliar o cardápio - passando a vender também bolos, brownies, pipoca gourmet e outras guloseimas - em plataformas de delivery. "Aos poucos, a gente está conseguindo melhorar".
Agora, está ansiosa para entrada em vigor da resolução 59/2020. E por uma boa razão: além de atender apenas no ambiente digital, quer montar sua loja física. “Sempre quis ter esse espaço físico também, mas uma das coisas que mais me preocupava era justamente a questão do alvará, que é mais difícil de conseguir, precisa de dinheiro e você fica de mãos atadas porque a situação não está fácil. Mas com isso, vai ajudar demais”.